Pólo capitalista

Na rua...

-Nove vezes nove é...
-Oitenta e um
-Certo. Você esta ficando esperto mesmo ein filho
-Claro!
-Quero ver se sabe essa então
-Manda
-Onde mora o Papai Noel
-No Pólo Norte
-E onde fica o Pólo Norte?
-No shopping. Eu o vi na entrada...


Snow Patrol - Signal fire (Tradução)

"As palavras perfeitas nunca passaram pela minha cabeça
Porque não havia nada além de você
Eu senti cada parte de mim gritando alto
Mas o som estava preso dentro de mim

Tudo que eu queria passou rápido por mim
Mas eu estava preso bem forte à terra
Eu poderia ficar preso aqui por uns mil anos
Sem os seus braços para me puxar

Aí está você, bem na minha frente
Todo esse medo vai embora, você me deixa nu
Me abrace apertado, porque eu preciso que você me guie para a segurança

Não, eu não vou esperar para sempre

Na confusão, e nas consequências
Você é o meu sinal de fogo
A única resolução e o único prazer
É o brilho enfraquecido de perdão nos seus olhos

Aí está você, bem na minha frente
Todo esse medo vai embora, você me deixa nu
Me abrace apertado, porque eu preciso que você me guie para a segurança

Não, eu não vou esperar para sempre"

Pedido de natal e ano novo

Quero ter um pedido diferente para fazer no ano que vem.
Só isso.
Não quero ser rico, não quero ganhar na megasena, não preciso conseguir juntar dinheiro para comprar uma moto ou mesmo desejo viver até os 80 anos. Não necessito que o meu intercâmbio dê certo e abro mão até de conhecer o mundo pela ausência do pedido dos últimos três anos no ano que vem.
Acho que já deu pra sacar a resposta.
Só quero chegar ao final do próximo ano com um pedido diferente.
Desculpe, mas uma vez pela intromissão, é só...
Por favor... por favor... Isso não é mais um pedido... É quase um sinal de fogo de esperança...
Da pra ser?

Passando o tempo

No predio...

-Cara acabei de presenciar algo incrivel...
-O que?
-Estava olhando a câmera de vigilância interna do prédio e...
-E o que?
-E vi o elevador abrir a porta duas vezes sem ninguém e a luz piscar três vezes
-Nossa
-É... Isso só pode significar uma coisa...
-Espíritos a solta, um ataque alienígena, Bactérias mortais?!
-Não. Que sou MUITO desocupado

Na madruga

Em casa...

-Alô
-Alô
-Quem é?
-Sou eu
-Você sabe que horas são?
-Acho que três
-O que você esta fazendo acordado?
-Não consigo dormir...
-Pra variar né?
-Foi mal. É que não tenho nada pra fazer
-É dia 27 de dezembro, quer uma ideia?
-Sim
-Pegue o resto do seu peru, vá comer uma rabanada e me deixe dormir...

tu tu tu tu

O camponês



O camponês se sentou na escada que precedia a entrada da casa e olhou para a plantação destruída pelas recentes chuvas.
No final das contas aquele não tinha sido um ano de tanta má sorte. As colheitas em geral tinham sido boas e o preço do trigo, produto que era plantado em pequena escala na fazenda, tinha dado retorno suficiente para que ele conseguisse se manter.
O ano tinha sido tranquilo, mas a imagem da plantação perdida deixava um vazio no coração do fazendeiro. O camponês amou pouquíssimas coisas ao longo de sua vida além de família, musica e livros...
Gostava de verificar cada lado da pequena plantação que garantia o seu sustento ao longo do ano. Uma sustentação que mantinha muito mais que as finanças, era a alma e o coração de um matuto que estava em jogo.
Quando ia para a cidade via as grandes plantações de café, vizinhas a sua, lotadas de maquinas que cuidavam de uma área dez vezes maior que a sua num tempo menor do que ele mesmo levava para verificar a própria.
Era o que o irmão do camponês, que estudava numa boa faculdade em outra cidade, chamava de “mal inevitável do capital”.
Estudos e palavras complicadas a parte o camponês resolveu distrair a cabeça e dar uma passada pela tradicional festa na praça da cidade. Colocou sua melhor calça, uma bela camisa xadrez e saiu com a velha caminhonete.
O lugar se encontrava consideravelmente cheio e logo que estacionou pegou uma cerveja numa das barracas e pôs-se a andar pela praça dando pequenas goladas na lata de tempo em tempo.
Passou pela extensa fila da roda gigante, viu as crianças tentando a todo custo acertar uma pilha de garrafas para garantir um brinde numa barraca e parou em frente ao concurso de quem come mais milhos que logo ia começar.
Tomou mais um gole da cerveja e viu que uma garota trajando um vestido de bolinhas tinha parado ao seu lado.

-Eu adoro milho... (disse ela)
-Confesso que não sou um grande fã
-Não sabe o que esta perdendo. É muito bom.
-Por que você não esta participando então?
-Apesar de você não achar eu sou menina né...

Risos

-Eu... Eu não disse nada
-Estou brincando...
-Bom eu votaria em você para o de garota primavera que acontecera daqui a pouco.
-Sério?
-Uhun
-Então vou concorrer...

O concurso do milho começa e todos se viram para prestar atenção. Nada de novo e como já era esperado o gordo barbudo, que estava sentado na extrema direita, ganha com alguma facilidade.
O Camponês olha para o lado e a menina de vestido de bolinhas tinha sumido.
Ele compra mais uma cerveja e se põe a andar um pouco mais até que percebe um alvoroço ao redor da passarela do concurso de garota primavera.
Para ao lado de um senhor e observa as garotas entrando uma a uma na passarela até que a menina de vestido de bolinhas entra

...

O camponês quase deixa a cerveja cair e fica com os olhos fixados no sorriso e no balançar dos cachos que desfilavam pela pequena passarela que parecia totalmente proporcional a estatura da garota.
Cada passo parecia tão lento quanto as palavras do velho ao lado que comentava: Que garota desengonçada....
Sem dar ouvido ao velho ranzinza o camponês votou na garota de vestido de bolinhas que acabou vencendo no final.
Fez questão de vê-la recebendo a faixa, os abraços da família e o beijo do marido antes de entrar na caminhonete para voltar à fazenda.
Sentou-se ao volante ligou o rádio e ficou pensando na plantação do ano que vem, mas acima de tudo na garota de vestido de bolinhas que tinha saído da sua cabeça, mas ficado no seu coração.
Queria muito que tivesse tido um desfecho diferente, mas não dependia dele e a lembraça seria tudo o que ia lhe restar com o tempo.



Leonardo Justi - Canhotinha dub (trechos da letra)

"...pegar na sua mão
Sentir sua pele, cheirar seu cabelo"

"...Vou embora sem matar vontade
Que aumenta e vira saudade
O sentimento que eu tenho por ela faz sofrer
Vejo ela linda na pista e até sei o que fazer
Mas eu não faço nada, meu sangue para
Tentar não custa pra você
Pra mim é os olhos da cara..."

"...É paixão, tá ligado, não há
Razão que possa explicar
Pode crer no papo a cinderela pode fácil desvirar
Tu me pergunta por que eu não vou falar com ela na verdade
Me faltam a coragem e habilidade
Só vejo ela de longe na vontade
Ela flutuando e eu sentindo a gravidade"

Alicerces

É uma grande pena, mas será que os alicerces realmente suportariam...
Uma fortaleza é feita de rochas fortes e compactas colocadas umas sobre as outras. Durante um longo período elas resistem a fortes ataques, mas você acreditaria numa definição dessas dada por mim?
Poucas pessoas acreditariam...
Talvez seja por isso que eu me contente em guardar tão pouco mesmo que o tempo assegure a relatividade de ser muito para mim.
Será que alguém lhe diria que é hora de parar?
Eu respondo a essa pergunta, sem pestanejar, e digo sim, porém a questão é: você conseguiria?
Os alicerces poderiam suportar...
Maldito seja o tempo que simplesmente não para na hora devida, malditos sejam os alicerces tão frágeis de um amor tão complexo, maldita seja a razão que impõe barreiras tão sensatas e bendito seja o alvo de tanto apresso, pois mesmo que os alicerces não suportem algo sempre vai estar de pé, estagnado e imutável passe o tempo que passar, a distancia que estiver e sofra o abalo que sofrer, mesmo que eu nunca mais venha a ti ver, o meu amor por você.
E apesar da ridícula rima existe algo que é fato: apesar de tudo acho que nunca vou poder definir um fim. Talvez um começo, mas nunca um fim.

stress

Antes de doar sangue...

-Só vou fazer algumas perguntas de rotina antes de começar
-Tudo bem
-Você usa drogas?
-Não
-É portadora de HIV ou Hepatite?
-Não
-Tem stress?
-Não
-Que pena as pedrinhas da minha calça caíram todas... Ok. Pode colocar o braço aqui para começarmos.

Carta ao amigo

Prezado senhor venho por meio desta informar que o capital acabou.
Sei que a distancia nos impede de dar detalhes sobre o atual estado do nosso povo, mas agora o fato esta consumado e posso ver isso no rosto de cada pessoa em nosso vilarejo, na risada de cada criança e nos passos vagarosos de cada idoso.
Acabo de receber a noticia e me senti na obrigação de relatar o recente acontecido para que não se surpreenda quando voltar.
Definitivamente o livre pensar e a consciência social finalmente se fizeram presentes através da forma mais simples que se poderia notar: a comunicação. Não foi um parágrafo, um texto, um livro ou mesmo uma biblioteca que foram capazes de tais feitos, mas sim a união de cada um.
Não se acredita mais em conceitos empacotados já digeridos e entregues.
Todos conseguem chegar a um raciocínio comum do que é melhor para o outro passando por cima da individualidade e tornando os conceitos publicitários inúteis.
A republica parece funcionar de forma plena permitindo que a dialética seja a nossa guia, ignorando assim o desvio para um pensamento único burro e partindo para discussões que tem em seu âmago os conceitos de coletividade, bem estar e sociedade como um todo.
A burguesia caiu há alguns dias, as escolas receberam verbas suficientes para formar cidadãos, as universidades se multiplicam por todo o país e os governos não se impõe mais, pois não há necessidade. Temos educação!
Não há senado, as leis são implícitas e todos agem buscando o bem coletivo, que não passa mais pela noção de materialidade, não há moeda vigente por que todos têm alimento gratuito nos supermercados e só se trabalha para fazer o mundo funcionar.
Todos são um e cada um age para o seu semelhante.

De: Eu
Para: Concurso de “cartas-piadas” estadunidenses da Oprah Winfrey
Prêmio: 1 Milhão

P.S. Obrigado pela oportunidade.

Na fila

O mendigo tinha parado para pensar enquanto esperava a sua sopa na fila...

Por que vivia nas ruas de forma tão simplória? Tinha consciência de que não era uma má pessoa, mas mesmo assim as coisas na sua vida não haviam dado certo.
Era um ex-empresário que foi obrigado a ver o próprio empreendimento afundar na última crise mundial. Onde estava o Deus protetor do capitalismo quando ele mais precisou, para onde foram os investidores, os consumidores, o capital?!
Sentou e lembrou das palavras de Darwin que afirmava algo óbvio, mas que o mendigo só estava compreendendo agora. Lembrava de Darwin dizendo que a luta pela existência, que os economistas celebram como sendo a maior conquista histórica do homem, constitui exatamente o estado natural do reino animal.
A cultura de massa é por si só autodestrutiva.
A valorização do consumo e da propriedade privada não nos deixa colocar o bem social em primeiro lugar. O capital é tão egocêntrico que não consegue ver os sinais de alerta, que o próprio sistema dá, como o Crack que sempre acontece na economia mundial a cada dez anos.

Faltava pouco para chegar a vez do mendingo pegar o copo de sopa quente na gelada noite...

Talvez a famigerada especialização fosse um forte fator para a desigualdade. Pensamos tanto especificamente que esquecemos de pensar globalmente.
Há tempos atrás as coisas pareciam ser um pouco mais simples, alguns dos grandes homens da humanidade não tinham uma só profissão. Da Vinci não era só um grande pintor, mas também era um grande matemático, mecânico e engenheiro.
Só uma produção consciente, em que se pense no todo, pode elevar os homens a uma ascensão sob o ponto de vista social sobre o resto do reino animal.
É o que nos diferencia... Acho que foi ai que errei...

Próximo!

-Olá senhor boa noite.
-Boa noite.
-Aqui esta a sua sopa.
-Obrigado.
-Bom Mc dia feliz para o senhor.

Ao sair da fila com a sopa o mendigo olha para cima do lugar e vê o M amarelo gigante com os dizeres: Mc dia feliz uma iniciativa do Instituto Ronald Mcdonald para ajudar os mais necessitados.

Boa noite




Sentado na sua prancha Juan olhava o mar.
De olhos fechados e de frente para o horizonte ele podia ouvir o som que o água fazia batendo contra as pedras na parte perigosa da praia onde as ondas quebravam de forma assustadora.
Julgou-se amaldiçoado e abençoado por estar num local tão bonito, mas que parecia tão melancólico.
Virou-se para a parte pedregosa, sentiu as gotas da água salgada no rosto e esfregou os olhos indo então, a largas braçadas, na direção da próxima onda.
Ela veio e ele nadou até ficar em pé.
Era o único momento em que Juan conseguia estar só com ele mesmo sem a intromissão inoportuna dos seus pensamentos. Não havia mais nada além dele e o mar, nada mais entre ele e o céu, nada mais entre ele e ele mesmo.
O grande problema era que até mesmo a onda impunha uma condição cruel a Juan logo após os seus momentos juntos: à volta a realidade quando ambos chegavam a areia.
Fincou a prancha, daquele jeito que só os experientes surfistas conseguem fazer, e se sentou ao lado da companheira para tomar uma cerveja.
Tinha o pensamento distante e a vida complicada pela própria ilusão. Jogou um vago olhar para a montanha, ao seu lado esquerdo, e viu os carros voltando para a cidade como que dizendo: Final de tarde... Hora de voltar à realidade.
Devolveu a prancha alugada ao hippie, com nome de Beatle, Harrison, tomou um banho gelado para tirar o sal do corpo e depois de terminar mais uma cerveja, colocar uma bermuda e uma camisa ligou a moto para ir embora.
Acelerou, subiu e desceu o relevo antes de cair numa pequena estradinha que levava a avenida principal.
Sentiu o cheiro de gasolina e de pneu queimado típicos dos carros, mas não se importou por que os seus pensamentos mostravam um único odor.
Guardado em sua mente deixava uma torpe alegria figurar no rosto que era seguido pela aflição e agonia que o abatiam sempre que dirigia.
Gostava da estrada por que ela lhe trazia boas lembranças que variavam entre sorrisos e as bobeiras inventadas para vê-la até a inivitavel verdade ocorrer.
Acelerou um pouco mais e foi cortando os carros até chegar em casa numa cidade do subúrbio para mais uma noite. Mais uma noite com um computador e livros do amigo de Marx: Friedrich Engels...

Contagem

No cabo de guerra...

-Ok. Todo mundo concentrado...
-Sim!
-Quando eu contar até três nós puxamos.
-Sim senhor!
-Essa é a final. Não vamos dar mole.
-Sim senhor!

Os comandados esperavam o inicio da contagem quando o capitão disse:

-Três!

Três segundos depois todos estavam no chão...

Não presença

Era uma dia comum como qualquer outro. Não era feriado e nenhuma data importante estava próxima.
A noite se anunciava e eu andava com aquele que viria a ser um dos meus melhores amigos quando a vi sentada no banco.
Começou a falar com meu companheiro sobre a prova recém feita.
Não sou tão pretencioso a ponto de dizer quanto ao mundo, mas com certeza absolutamente ninguém naquele corredor estava mais dislumbrado do que eu.
Vivo num lugar onde uma das sete maravilhas do mundo moderno se faz presente, mas admito que comparar com ela era algo desleal.
Desleal em todos os sentidos, pois o que mais poderia ser tão natural?
Só quem um dia a viu subir ou descer uma escada com o seu vestido a sorrir sabe do que eu estou falando.
Ela se caracteriza em cada gesto meio desengonçado, leitura de livro ou risada meio estranha que dá.
Gosto quando ela mexe no cabelo bagunçando-o e, mostrando que tem total controle, cinco segundos depois o coloca no mesmo lugar de antes com um simples balançar de cabeça.
Me divirto quando ela senta e tem uns tremiliques devido ao frio ou a outra situação externa.
Adoro quando ela mexe na orelha alheia só para perturbar e morro de rir quando ela tropeça e solta um "ai" me presenteando logo depois com um sorriso.
Hoje tenho que aprender a viver com a sua ausência, ou melhor, ausência não, pois de algum jeito tenho guardado o seu cheiro e o seu sorriso comigo... Hoje sou obrigado a aceitar a sua não presença...

Brincadeiras do capital

No RH de uma empresa...

-Olá
-Olá Doutor Hugo como vai?
-Bem obrigado. Você pode demitir esse funcionário para mim?
-Sim Doutor Hugo
-Obrigado
-Desculpe, mas o senhor pode me dizer o motivo?
-Estou relembrando os tempos de criança com uma brincadeira...
-Qual?
-Estou rodando peão.

Desculpas

Na rua...

-Posso perguntar uma coisa?
-Sim
-Por que você não gosta de mim?
-Eu gosto
-Entendi, mas não o suficiente...
-...
-Ein?!
-Desculpe
-Você se desculpa demais sabia...
-Pois é. Definitivamente não sou o melhor cara. Desculpe.

Reino do ser

Numa terra assolada por conflitos a esperança parecia ser algo cada vez mais raro a cada dia que passava. Muito preocupados os três principais reinos do ser foram convocados a fazer a próxima conferência, em cinco anos, para dar conta do assunto.
Faziam-se presentes à mesa o reino da tristeza, da felicidade e o do ego.
Todos concordavam que algo tinha de ser feito para a manutenção do ser. O assunto era complicado e a pauta extensa, mas o ego com a sua pró-atividade tomou a palavra:

-Não quero parecer intrujão, mas vocês devem me deixar trabalhar. Confiem em mim. Eu dou conta do recado.

A felicidade riu e questionou os fracos argumentos do ego que podia se agigantar de uma tal forma que não perceberia o que podia haver em volta.
A tristeza retrucou:

- Vocês estão cegos. As maiores criações artísticas já feitas pelo homem foram concebidas em momentos de tristeza profunda. Perguntem para músicos, poetas, pintores ou a qualquer ser apaixonado.

O ego se impõe e levanta a voz se exaltando e dizendo:

-Você esta louco!
-Não meu amigo o reino da loucura não veio hoje.
-A tristeza não sabe o que esta dizendo. Ela mesma gera como condição primordial para a sua existência atos extremos que levam o ser a ter mudanças bruscas de atitude.

Nesse ponto chegam os capitães da Dialética e da Retórica de cada reino fazendo o embate se acirrar, pois davam conselhos a cada um de seus representantes.

Felicidade: Sou eu quem lhe da os melhores momentos da vida, sou simpático e faço com que ele consiga beber e se dar bem com aquelas poucas mulheres...

Ego: Com aquelas e não com a única que ele queria. Você não tem capacidade de argumento...

Tristeza: E é por vocês não chegarem a um consenso que ele continua assim e eu tenho estado mais em evidência. Nem sabem se ela acreditou realmente nesse amor tolo...

Felicidade: Você...
Tristeza: É um...
Ego: Idiota!

Ok chega! Disse o ser para dar um ponto final no assunto.
Proponho um revezamento entre os reinos até chegarmos a um consenso e então nos reunimos de novo para ver no que vai dar.

Felicidade: Beleza.
Tristeza: Vou tentar.
Ego: Vai ser moleza.

Então o ser deu por encerrada a reunião até o próximo semestre apelidando aqueles próximos seis meses de revezamento entre os reinos de BIPOLARIDADE.

Irreal

Acordei no final de semana pronto para dar minha matinal corrida pela cidade.
Preparei-me colocando meu tênis novo, uma camisa e bermuda leve e fui para a rua quando percebi que havia algo de diferente no ambiente.
As pessoas que estavam no ônibus a dobrar a esquina pareciam sorrir sem nenhum motivo aparente.

Simplesmente todas estavam “felizes”

Esperei outros, fingindo um alongamento, para confirmar a minha suspeita que acabou se tornando embasada. Em cada ônibus que passava o sorriso amedrontador na face de cada um se fazia presente.
Esperei alguém descer para saciar a minha curiosidade sobre o estranho fato.

-Com licença senhora.
-Pois não.
-Por que todos estão sorrindo no ônibus?
-Por que a placa mandou oras.
-Que placa?
-Aquela que diz sorria você esta sendo filmado...

Por algum motivo todos que entravam no ônibus o faziam com um sorriso que aparecia tão instantaneamente quanto sumia na descida do veiculo.
Era um fato demasiado absurdo para mim, mas continuei a corrida.

Será um sonho?

Passei pela locadora e fui conferir alguns filmes para ver a noite com a minha mulher. Logo que entrei vi o atendente correr e tentar dar mortais sobre o olhar atento de três jovens que se divertiam com a frustrada tentativa do funcionário.
Perguntei aos rapazes que rindo me confirmaram que tinham pedido para que o atendente desse três mortais antes de procurar o filme que eles queriam.
Achei aquilo algo tão absurdo que indaguei o atendente sobre o mesmo fato indignado, porém só obtive um simples gesto do rapaz que apontou para a placa ao lado do balcão que dizia: “O cliente tem sempre razão”.
Sai da locadora perplexo. Em trinta anos de vida nunca tive um sonho tão real.
Pensei comigo mesmo e decidi correr sem paradas, para não me chocar ainda mais, e depois voltar para casa.

Logo aquele pesadelo deveria terminar

Comecei a trotar até entrar num bom ritmo de corrida quando avistei a praça principal da cidade.
Cheguei e rapidamente percebi, pelos últimos acontecimentos, o que havia de errado. Tinham colocado um imenso outdoor da Adidas na praça com a frase: “Nothing is impossible”.
Homens e mulheres faziam filas enormes para subir nas arvores e se jogar numa vã tentativa de voar, um garoto foi parar um carro com uma mão e foi atropelado e uma menina tentava cravar as unhas numa parede para subir até o telhado de uma casa.
No jornal do senhor da banca a matéria de capa tinha o titulo: “Massacre em micareta na Bahia”. Segundo o jornalista um suicídio em massa ocorreu num show de uma famosa cantora de axé. Quando ela proferiu a frase “Joga a mãozinha no ar” milhares de pessoas cortaram as mãos umas das outras a dentadas fazendo uma chuva de mãos decepadas cair sobre a cantora.
Fui para casa, tomei mais um banho e deitei na cama.
Dormir no sonho talvez ajude a acordar no mundo real. É... Talvez...


“...Então tire os sapatos e tente ser real
Então aumente o volume e tente ser real
Então bata mais forte e tente ser real
Então largue essa merda e tente ser real...”

Noção de Nada - Orgânico

Desenhei

Desenhei um girassol numa folha de papel
Um disforme sem muita pretensão
Talvez pudesse fazer parte de um jardim só meu
Isso se eu pretendesse um dia ter um
Pensando cá com os meus botões:
Se eles realmente girarem eu poderia fazer uma grande foto
Com um tempo de exposição bem alto
Os girassóis deveriam sair borrados
Um borrado bem bonito como não acontece na vida real
Onde as distorções se resumem às lamúrias
Da minha vida cotidiana...
Que eu insisto em colocar aqui
Dividindo assim com todo mundo
Fato que não se repete na verdade
Por que talvez a nossa verdade seja privada
Privada como a propriedade do capitalismo
Que não é compartilhada e é ainda protegida
Por cercas elétricas, câmeras de monitoramento e seguranças
É melhor se esconder mesmo
Ninguém quer ver o que você quer
Não é algo compreensível
Não é aceitável
Não é permitido
Não é recíproco
Não é seu
Não é meu
Não é do Zé, do João...
Do ninguém e nem o do pé de feijão...

Artificialidade do luxo

Em casa...

-Toma aqui. É suco de laranja.
-Isso não é suco de laranja.
-Como assim? Claro que é.
-Não é não!
-Então me diga: como é um suco de laranja?

O garoto de 5 anos vai na cozinha e volta com um pacote de tang de laranja

SOS




Às vezes custo a acreditar no tipo de situações em que só eu sei me envolver.
No último fim de semana tive que trabalhar e não foi algo muito fácil. Viajei no sábado à tarde e a volta estava programada apenas para o domingo de noite.
Chegamos à pousada lá pelas 22 horas e logo todos foram acomodados em duplas nos seus respectivos quartos enquanto eu, como de praxe, fui ler um livro na sacada.
O relógio marcava uma hora quando o motorista do ônibus, que era o meu companheiro de quarto, não se aguentou e começou a puxar conversar comigo não me deixando continuar a leitura.

Aff

Desisti e fui levando o papo, aos poucos, para o final com frases mais curtas até que consegui dormir lá pelas três.
A manhã seguinte não parecia mais agitada do que a minha noite de sábado, pois eu só iria trabalhar a partir das 14 horas então, depois de tomar o café e ler mais um capitulo do livro, resolvi fazer algo inédito para mim depois de anos: praticar um exercício físico.
Coloquei meu All Star, pus umaa camiseta no ombro, de modo que esconde-se a tatuagem nas minhas costas, apertei o play no mp3 e forcei-me a uma leve corrida para conhecer a cidade.
A praia não é muito diferente de todas as outras em que já estive, mas mesmo assim é muito bonita, tem uma lado onde um monte de grandes pedras se amontoam fazendo com que muitos pescadores fiquem por ali.
Um deles me disse inclusive que uma das etapas do campeonato mundial de surf desse ano tinha acontecido a poucos quilômetros do local.
Dei um mergulho no mar e depois decidi ir para a parte mais “urbana” da cidade que mesmo assim era muito ligada a natureza.
Passei por uma ponte, exclusiva para pedrestes, notei uma lan house que tinha a logomarca do Foo Fighters na fachada e após contornar uma banca de jornal vi uma pista de skate das boas.

Sempre quis saber andar de skate

Sentada no alto da rampa uma garota balançava as pernas enquanto mantinha o olhar fixo nelas.
Decidi ir lá puxar papo.

O máximo que pode acontecer é ela não me dar muita atenção

O nome da tal garota era Samara e tinha 20 anos. Fiz uma piada ridícula colocando o filme “O Chamado” no meio e ela, incrivelmente, conseguiu rir.

-Deve ser bom morar aqui.
-Sei lá. Depende.
-Depende de que?
-Você gostou daqui?
-É perto da praia, é um lugar muito bonito, tem pista de skate...
-Isso. É legal pra você que não esta acostumado...

Samara me disse que depois de vinte anos o lugar se tornava chato. Ela andava de skate todo dia, surfava todo dia, via aquela cena clássica do passaro sobrevoando o mar e pegando o peixe todo dia.
Para ela era normal, na verdade era... Monótono.

-E o que você esta ouvindo nesse mp3?
-Antes de parar... O disco novo do Pearl Jam.
-Legal posso ouvir...
-Claro.

Era a última musica do álbum Backspacer e a seguinte era Message in a bottle do The Police

-Você sabe sabe falar inglês?
-Não.
-Essa letra tem tudo a ver com você.

Depois de mais de 40 minutos conversando tive que voltar a pousada para almoçar e me preparar para trabalhar. Expliquei a situação e me despedi.

-Então vou indo nessa.
-Tá bom.
-Tchau legal conhec...
-Espera me diz uma coisa?
-Fala.
-Tipo, achei que você ia dar em cima de mim e nem tentou nada...

Risos

-É... Acho que sou um cara meio diferente.
-Você é gay?
-Não. Só não costumo dar em cima assim do nada. Acho que nem saberia.

Risos

-Valeu então. Bom trabalho e se aparecer de novo por aqui me liga.

Disse ela me dando o número do próprio celular


“Seems I'm not alone at being alone
Hundred billion castaways, looking for a home”

Pequeno grande lucro




Tamára era uma daquelas garotas que adorava musica.
Gostava tanto que não eram raros os momentos em que ela se pegava cantarolando alto, uma mais agitada, ou balançando a sua cabeça com movimentos bruscos demais, mas quem podia recriminar um garota de seis anos.
Não costumava prestar muita atenção ao que acontecia a sua volta, quando retornava da escola, a não ser no intervalo entre as musicas de seu mp3. E foi entre O velho e o moço dos Los Hermanos e 11 AM do Incubus que ela notou uma folha, meio amarelada, na esquina de casa que chamou mais atenção do que a musica seguinte.
Lia-se nas extremidades superiores de cada lado: Karl Marx – O Capital.
Tamára não resistiu e logo que chegou em casa se sentou para ler a tal página que marcava os números 157 e 158 do livro.
Acreditava em coincidências, nada acontece por acaso (MAKTUB), então começou a colocar em prática aquilo que tinha lido. Juntou meia dúzia de amigos e depois de pedir para que cada um fizesse a dobra de um aviãozinho de papel fez a proposta:

-Agora quem quer jogar o aviãozinho?
-Eu
-Eu
-Eu...
-Certo quem quiser jogar terá que me pagar dois reais.

Riso geral

-Como não. Se vocês não me pagarem estarão desprezando a própria força de trabalho empregada nesse objeto, ou seja, não pagando nada vocês estão dizendo que não servem para nada.

Os garotos se assustaram com a possibilidade da própria inutilidade estar tão próxima e pagaram

Depois de um mês Tamára tinha um quarto abarrotado dos mais variados tipos de chocolate e uma coleção de cd’s consideravelmente grande.
Os vizinhos começaram a indagar e a pressionar os filhos até saber como a mesada daquele mês havia acabado tão rápido. Por fim chegaram a uma conclusão e descobriram a traquinagem da menina.

Contar a mãe da pequena capitalista foi à primeira atitude

-Tamára os vizinhos estão reclamando dizendo que você esta levando o dinheiro dos filhos deles.
-É um negocio justo mãe.
-Um avião de papel por dois reais não é justo Tamára!
-Mãe o nome disso é mais-valia.

A mãe formada em sociologia ficou impressionada. Como ela sabia daquilo?

-Como você sabe disso garota?!

Foi ai que ela descobriu a tal página.
Nela Karl Marx explicava justamente como o trabalho empregado em algum objeto eleva o lucro do capitalista pelo valor da força colocada na confecção do produto.

-Filha se você tivesse lido o resto do livro perceberia que isso só gera desigualdade.
-Como assim?
-Você ganhará mais, porém as custas de que? Uma sociedade igualitária só se faz com razão e o abismo social que você vai causar definitivamente não é uma boa saída.
-Não vou deixar de ganhar os meus chocolates!
-Ok. Não posso obrigar a maior potência do mundo a ver isso, mas a você sim. Devolve se não vai levar uma chinelada!
-Não!

Crack ploft paft

-Tá bom eu devolvo... Já entendi!!!

Confissões

No interrogatório...

-O senhor sabe por que esta aqui?
-Sim. Por que uma conhecida minha foi assassinada.
-E por que o senhor descreveu em seu último romance publicado um assassinato bastante parecido.
-É. Eu escrevi três meses antes do acontecido. Muito bom não é?
-Isso é uma confissão?
-Com todo respeito senhor delegado eu sou um escritor, e contar histórias é o que faço de melhor. O senhor é um investigador, portanto se o senhor não for ótimo no que faz acho que ninguém aqui nessa sala vai poder afirmar nada, a não ser que o meu livro é o primeiro lugar em vendas nesse país.

(In)consciência

Não sou uma pessoa comum.
Quando os punks disseram “Seja você mesmo” eles não pensaram em gente como eu.
Que tipo de pessoa tem tanta consciência que mesmo bêbada não consegue se divertir numa festa.
Que tipo de homem diz para a única mulher que já amou que, mesmo não sendo ele o escolhido, fica menos triste em saber que alguém a faz feliz.
Que cara consegue postar a maioria dos seus contos num blog, durante um ano inteiro, com a mesma personagem.
Por favor! Que louco é tão pouco volúvel?!
Quem em sã consciência dirige uma moto a mais de 200 km hoje?
Talvez a consciência individual seja tão inerente ao ser que só pode ser quebrada em raras tentativas que vão se tornando cada vez mais escassas devido à alta periodicidade.
Elevar o nível de inconsciência ao máximo parecia ser uma boa possibilidade, mas a tendência não vem sendo um agente facilitador.
Acho que só quem acha que ser você mesmo não basta mais entende.
Bom, pensando bem talvez nem esses...

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Sem pé nem cabeça

Por que não pensar em vão?
Sei lá, algo meio João e o pé de...
Abacaxi, melão... Feijão...
Quem disse que precisamos ser exatos
Exatos como o tempo e as maravilhas de Alice?
Com o coelho e as suas peraltices
Talvez pudesse ser como naquele quadro de D’ali
É... Aquele mesmo que mostra o tempo se esvair
Tempo que reflete a nossa vida e conta segredos para uma bruxa maldita
Maldade que passa por neve, feras e belas
Belas surpresas como numa viagem de 20 mil léguas submarinas
Onde Nemo vai poder variar entre um louco capitão de uma embarcação, num livro de Júlio Verne, até o simpático peixe da fábrica Disney
Ei, que tal deixar esse gigante da imaginação cair e voltar ao chão
Descendo o pé de feijão acho que foi mais um delírio de um João.
Afinal o mundo não precisa de mais um romântico incorrigível
Talvez isso nem seja atingível
O mundo não precisa de mais um amor
O mundo não precisa de mais uma dor
O mundo não precisa de rimas tão rídiculas
Pelo menos João ganhou o dia com mais uma lição que vai ser passada de geração em geração... Ou não?
Se eu fosse ele essa seria a despedida...

Liberais

Na entrada da boate...

-Boa noite. Quanto custa o ingresso?
-Desculpe, mas casais heterossexuais não entram aqui.
-Como não?!
-Isso é uma boate gay oras.
-Mas eu e minha mulher somos tão liberais...
-Senhor. Eu garanto que as pessoas ai dentro são mais...

Musicado

O que eu estou dizendo e o que você esta dizendo?
Não deveria ser algo bonito como quando se diz que tudo vai ficar bem.

Everything's gonna be alright” - Bob Marley_No woman no cry

Às vezes sinto vontade de cair e às vezes tudo o que quero é sonhar
Existem coisas que (por mais difícil que seja admitir isso) não são mutáveis. Existem coisas que simplesmente... São.

Lifetimes are catching up with me” – Pearl Jam_Eldery woman behind the counter in a small town

E é ai que pensar demais, escrever, compor uma canção, viajar para um lugar distante ou simplesmente se embriagar não adianta mais.
De repente é ai que se percebe que ela sempre estará com você, mesmo que só nos seus sonhos, aonde quer que você vá.

Forever and a Day in the time of my life” – Oasis_Don’t go away

Alguns diriam que é tolice, outros que precisa esquecer, mas e se você achar que faz parte da sua vida.
O mundo não vai parar de girar e você vai continuar a andar, porém existem fatos que seguirão, mesmo que seja só num sonho, e contra fatos não há argumentos.

I'll put millions of miles under my heels and still too close to you i feel” – Audioslave_I am the highway

Provavelmente algo novo vai começar e quem sabe sobre o que daqui a alguns anos eu vou falar.
Espero que seja algo mais relevante para o mundo e que o meu jornalismo consiga fazer diferença para alguém.

Whatever tomorrow brings I'll be there with open arms and open eyes. Yeah” - Incubus_Drive

Hoje, infelizmente, ninguém mais pode esperar. Obrigado por fazer toda a diferença para mim...

Hoje eu acho melhor parar aqui. Fecha a conta eu preciso ir” – Noção de Nada_Sem gelo, por favor

Conversa batida

Na sala do chefe...

-Com licença chefe.
-Fale rápido. Estou com um pouco de pressa.
-Chefe andei lendo...
-Lendo?
-Sim. Segundo Karl Marx o valor de qualquer mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho materializado nela. Eu pude notar que o nosso produto tem um valor de revenda muito maior do que o que é gasto na confecção, portanto considerando essa mais-valia e as minhas doze horas de trabalho diárias...
-Não estou entendendo absolutamente nada do que você esta falando!
-Bom, eu queria um aumento...
-Não!

Ninguém nunca vai poder acusar o capital de não ser simplista...


Essa letra devia ter o meu nome...

NIN - Every Day Is Exactly The Same (Tradução)

"Eu acredito poder ver o futuro
Pois repito a mesma rotina
Acredito que costumava ter um propósito
Mas então
Talvez tenha sido um sonho
Acho que costumava ter uma voz
Agora nunca emito um som
Só faço o que me mandam
Eu realmente não quero que eles voltem de novo

Oh, não

[Refrão]
Todo dia é exatamnete o mesmo
Todo dia é exatamente o mesmo
Não há amor aqui e não há dor
Todo dia é exatamente o mesmo

Sinto que os olhos deles estão vigiando
Caso eu me solte novamente
Às vezes acho que sou feliz aqui
Às vezes, ainda continuo fingindo
Não posso lembrar como isto começou
Mas posso te dizer exatamente como isto irá terminar

[Refrão]

Estou escrevendo num pedacinho de papel
Eu espero que algum dia você possa encontrar
Eu o esconderei atrás de algo
Eles não olharão para trás
Ainda permaneço aqui dentro
Um pouco mais começo a sangrar
Queria que tivesse sido de outro jeito
Mas apenas não sei!
Não sei o que mais posso fazer!"

Fazendo doce

Na cozinha...

-Oi.
-Oi.
-Você esta linda ein.
-Obrigado.
-O que acha de sairmos hoje?
-Eu não sei.
-Ah vamos?
-Sei lá... Estou fazendo doce.

Disse ela enquanto fazia uma panela de doce de coco

Efeito













A velocidade e a angustia eram as suas companheiras.
A ausência de ruido na madrugada era quebrada apenas pelo som do taco de beisebol que rasgava o vento a cada movimento feito antes de seguir em alta velocidade com a motocicleta.
O fone de ouvido não o deixaria ouvir muita coisa, mas ele não se importava. Tinha contabilizado três retrovisores e uma janela de carro quebradas pelo taco... Estranhamente nenhum dos veículos tinha alarme.
Tinha raiva, amor, dor, embriaguez e vontade.
Parou numa esquina e quebrou mais uma janela que dessa vez fez reverberar um alarme ensurdecedor.
Estacionou a moto ao lado de um bar na praça central e viu o carro policial passar até onde o alarme do carro apitava freneticamente.
Sentiu o efeito que a adrenalina, misturada ao álcool, causava nas veias e sentou-se na moto escondendo o taco dentro do bag da guitarra.
Foi para casa por um caminho diferente.
Deitou na cama, olhou para a janela, com sua parede de tijolos e o mínimo pedaço de céu aparente, provou um pouco mais da impotência de ser... sentiu um pouco mais a angustia dos pensamentos e fechou os olhos...
Aquela seria uma difícil madrugada de sono.

"E sempre que der
Vou dizer pra nem tentar
Que já é hora de crescer
E de parar de usar
As roupas de sempre..."

Zander

Expressão

Luca era um bom descobridor de talentos sempre se autodefiniu assim.
Tinha agenciado alguns bons aspirantes a arte da pintura ao longo dos anos que lhe propiciaram uma vida relativamente estável.

Afinal de contas ele os tinha descoberto

Essa era a grande sacada que ninguém ainda tinha tido: Um agenciador de pintores.
Tinha descendência italiana, ou seja, havia arte nas veias dele.
Era da terra de Portinari e Michelangelo. Podia se gabar disso, mas ultimamente a maré não estava muito boa. Vinha sendo cobrado por algo novo, algo que fosse tão expressivo como o surrealismo e que também fosse tão popular como a pop art.

Seus artistas haviam se tornado óbvios


A crítica especializada e as pessoas que passavam pelas galerias não se surpreendiam mais com os seus recém descobertos e tudo parecia estar caminhando para uma decepcionante aposentadoria.
“Você não pode aceitar que termine assim” era o que ele dizia a si mesmo todos os dias.
Enfim resolveu tentar mais uma vez... Uma última tentativa para o precursor daquele nicho de mercado.
Saiu de são Paulo e viajou para o Rio em busca de algo novo.
Hospedou-se num Hotel e todo dia perambulava pela cidade na busca de algo que chama-se atenção vendo assim algumas coisas interessantes. Artistas de rua, pintores de fundo de quintal (com bons trabalhos) e hippies da Lapa com um considerável senso artístico, mas que não tinham nada de especial. faltava alguma coisa.

Algo que ele não sábia o que era...

No terceiro dia junto aos cariocas foi procurar um ambiente mais jovem e começou a rodar por Universidades e faculdades quando presenciou algo que o intrigou.
A garota sentada numa bancada tinha a primeira forma de arte que realmente o chamou atenção depois de muito tempo. Ela tinha nas unhas pinturas grafadas com esmalte milimetricamente feitas.
Saiu do carro.
Apresentou-se e como sempre causou aquele receio que só é sanado com a mostra do naipe dos artistas que já eram agenciados.

-Bom, eu acho que você esta falando a verdade.
-Claro que sim. Então, o que é isso que você desenhou nas unhas?
-Uma referencia ao clube de futebol para que torço.
-Os detalhes são impressionantes.
-Eu só não entendi como isso pode virar arte. Você é louco?
-Só faça o que eu disser.

Em três meses eles abriram a primeira exposição que foi altamente prestigiada, a partir da primeira semana, devido às críticas extremamente positivas.
Uma conceituada revista publicou um artigo que dizia: “É a definição perfeita de como o eu se expressa a partir de uma vida proletariadamente cotidiana que o sistema capitalista impôs as classes mais baixas de um país”.
Havia achado a sua artista.
Uma garota apaixonante, jovem e bonita que tinha tudo para se dar bem alavancando mais uma vez a sua carreira.
Quem diria que algo tão simples fosse se sobrepor aos renomados artistas que Luca tinha em seu leque de opções.
Pensou consigo mesmo: “... é Luca... às vezes a beleza mais apaixonante pode estar nos gestos mais simples como o cheiro de um cabelo, o sorriso de uma garota ou algumas simples figuras nas unhas”.

The fixer

O Pearl Jam esta com um novo disco intitulado Backspacer. As musicas trazem uma sonoridade próxima e lembram o último álbum lançado pelo quinteto, dos agora senhores de Seattle, mostrando que Eddie Vedder e sua trupe não perderam a mão com o tempo.
Backspacer inicia direto com o rock Gonna see my friend, passa por um tributo ao saudoso guitarrista dos Ramones em Johnny guitar e não se esquece das ótimas baladas, sem melar a cueca, como em Just Breath.
Esse é o primeiro single do álbum Bckspacer chamado The fixer.
O clipe segue a linha dos anteriores do PJ que contam com desenhos ou performances ao vivo, caso do vídeo em questão, e mostra que, apesar dos vinte anos juntos, os caras ainda conseguem se divertir com a musica, o público e com eles mesmos.
Então deixa eu parar de puxar e saco e enrolar... (:p) Boa audição e vida longa ao Pearl Jam!



Pearl Jam - The Fixer (Tradução)

Quando algo estiver escuro, deixe-me derramar um pouco de luz sobre ela.
Quando algo estiver frio, deixe-me colocar um pouco de fogo nele.
Se algo estiver velho, gostaria de colocar um pouco de brilho sobre ela.
Quando algo se for, eu quero lutar para tê-lo novamente.

sim, sim, sim, sim,
lutar para tê-lo novamente..
sim, sim, sim, sim, sim...

Quando algo se quebrar, gostaria de colocar um pouco de fixação nela.
Quando alguma coisa estiver furada, gostaria de colocar algo de excitante nele.
Se algo estiver pra baixo, gostaria de colocá-la um pouco pra cima...
Quando algo se perder, eu quero lutar para obtê-lo novamente.

sim, sim, sim, sim
lutar para obtê-lo novamente,
sim, sim, sim, sim, sim...

Quando os sinais se cruzarem, gostaria de endireitá-la um pouco.
Se não tem amor, eu quero tentar amar de novo...

Eu vou dizer suas orações: eu vou ter o seu lado,
vou encontrar pra gente uma maneira de criar a luz.
Eu vou cavar a sua sepultura, vamos dançar e cantar.
O que foi poupado poderia ser uma vida passada...

hey, hey, hey
sim, sim, sim, sim
lutar para obtê-lo novamente...

sim, sim, sim, sim,
lutar para obtê-lo novamente...

sim, sim, sim,
lutar para obtê-lo novamente...
sim, sim, sim,
sim, sim, sim, sim, sim...

Medição

Numa briga familiar...

-O que você vai fazer?!
-Quebrar essa coisa que não deixa você me escutar.
-Mãe tome muito cuidado com o que você vai fazer agora.
-Isso é uma ameaça?!
-Não, mas oito gigas da minha vida estão nesse mp3.
-A sua vida é medida em "giga" agora.
-Não, mas tudo que eu fiz esta ai e...

Crack plaft poft

-Nãaaaaaaoooooo...

Simples como...

-Ela esta muito bonita hoje não acha?
-Sim
-Impressionante
-Para mim é redundante. Nunca a vi feia
-Uuuuu... Essa foi boa... rs
-Mas confesso que hoje esta especialmente bonita...

Claudio acorda e pega o ônibus para o trabalho.
Definitivamente aquele não parecia ser um grande dia por vários motivos.
Ficou no trabalho só com seu computador até a hora do almoço trabalhando, teve que carregar algumas caixas à tarde e foi chamado para ajudar num concerto elétrico que definitivamente não tinha nada a ver com a sua área de atuação.
Sentado numa bancada ele recostava-se na pilastra do local conversando com um dos eletricistas enquanto o outro tinha subido num telhado perto do seu setor de trabalho.
Contava trivialidades ao rapaz quando ouviu a inconfundível risada da menina que vinha das escadas.
Sentou-se de frente e a viu descer andando.
Armou uma frase engraçada e preparou um afago que não foram deferidos resignando-se assim a observar o novo detalhe na beleza da menina.
Sempre achou incrível o poder que os seres humanos têm em conseguir surpreender o próximo, mas aquilo acabava com qualquer teoria da monotonia no convívio temporal humano.
Parecia que o tempo finalmente tinha encontrado um adversário a altura.
Uma daquelas situações que um grande pintor gostaria de gravar num quadro, para o qual um bom músico gostaria de compor uma canção e uma daquelas em que um poeta adoraria declamar alguns simples versos sobre uma menina que descia as escadas jogando o cabelo para o lado.
Não seriam versos carregados ou com palavras subjetivas.
Eles seriam simples, inconfundíveis e atemporais como parecia ser a beleza da menina que mesmo depois de tanto tempo ainda conseguia deixar Claudio perplexo.

Pensamentos sobre uma goteira












João chegou em casa e percebeu que estava sozinho.
Sentia-se cansado após mais um dia estafante de trabalho então depois de tomar banho colocou uma bermuda e um casaco e sentou-se na varanda.
Pois o prato de comida num banco e ficou observando a forte chuva que caia.
Uma goteira surgiu ao lado da lâmpada que iluminava o local.
No rádio o disco da banda favorita tocava.
Cada gota que caia trazia consigo um dos profundos e frequentes pensamentos de João.
Nunca gostou da chuva.

Ela o fazia pensar demais...

E se aquela teoria de que tudo no mundo esta diretamente relacionado fosse verdadeira. Teoricamente essa goteira em minha casa poderia estar causando, por exemplo, um terremoto devastador na China que esta dizimando, nesse exato momento, algumas centenas de pessoas.

Esta certo que lá é a China e o que não falta é gente, mas...

Malditas gotas. Provavelmente estão se divertindo com a vida alheia.

Mas, e se o perigo for algo mais próximo?

Isso. Talvez elas estejam querendo acabar comigo aqui mesmo. O que tem de casa por ai que começou o processo de ruína com algumas goteiras não esta no gibi.

A defesa civil que o diga...

É. Quem diria que umas simples gotinhas poderiam ser tão maléficas...

Toca a Campainha

-Oi
-Oi
-O que você esta fazendo aqui... Não vê o quanto chove?
-Vejo. O que você estava fazendo?
-Pensando um pouco eu acho...
-Parecia bem concentrado dali de onde eu estava.
-É?
-Como se a solidão tivesse lhe caído bem.
-Que profundo...

(risos)

-Quer companhia?
-Desculpa, mas não estou muito a fim de conversar.
-Ok...
-...
-Te vejo amanhã?
-Claro. Beijo.

Zack Deat - O mendigo







Era segunda de manhã e Zack Deat tinha acabado de levantar para ir até o trabalho.
Tomou banho, escovou os dentes e colocou o terno.
Dez segundos depois lembrou que ainda não tinha tomado o café da manhã e tirou o paletó para não manchá-lo com algum resquício de café ou um pedaço de manteiga desavisado.
Sentou-se à mesa pediu para que a esposa apresasse os filhos, que estavam atrasados para a volta as aulas.
Deixou-os na escola, a mulher na academia e partiu para a empresa.
Zack Deat gostava de dirigir ouvindo musica e durante o caminho pegou o primeiro disco que estava no porta cd e pressionou o play no rádio. O Unplugged de Eric Clapton iniciou, depois de uma primeira faixa instrumental, um blues com uma bela introdução que começava com Sir Clapton cantando:

“Before you accuse me, take a look at yourself
Before you accuse me, take a look at yourself...”

Ele foi cantando as musicas até chegar no estacionamento perto do trabalho. Saiu do carro, deu bom dia para o guardador e foi comprar mais um café antes de entrar no prédio e iniciar os trabalhos.

-Bom dia.
-Bom dia senhor Deat. O de sempre?
-Sim, por favor.

A mulher fez o tradicional café pingado com cafeína extra que Deat sempre pedia

Depois de pegar o copo Deat começou a caminhada de três minutos até o trabalho quando foi abordado por um senhor maltrapilho que por ali passava.
Olhou o velho, que tinha vestimentas que exalavam um terrível fedor e quase deixou o copo com café cair ao vê-lo mostrar os dentes amarelos como sinal de simpatia.

-Posso ajudar?
-O senhor não poderia pagar um café para um velho que viveu invernos demais?
-Infelizmente estou com um pouco de pressa para chegar no trabalho...
-Ora essa. É só um café.
-Ok Tome o meu.
-Muito obrigado senhor...
-Deat.
-Obrigado senhor Deat.

Zack Deat chegou no prédio e logo que entrou na sua sala e sentou em sua poltrona reclinável teve certeza que tinha achado a próximo alvo da sua “bricadeirinha”.
Durante dois dias passou pelo mesmo lugar e deu o seu café para o senhor que continuava pedindo o seu pingado.
No terceiro resolveu que faria a traquinagem logo após o trabalho só que dessa vez o velho de dentes amarelos iria ter uma surpresa.
Passou, como já tinha virado tradição, o dia ansioso quando finalmente resolveu ir embora mesmo sem ter terminado todas as tarefas do dia. Apressou o passo e ouviu o seu nome sendo chamado algumas vezes antes de entrar no elevador.

-Senhor Deat o relatório...
-Senhor Deat a empresa do EUA ligou e...
-Senhor Deat...
-Senhor Deat...
-Senhor Deat...

Olhou para o relógio no pulso:19:00.
Quando chegou no local viu o velho deitado num canto da rua acompanhado pelo seu fedor e por um cachorro que só tinha pele e osso.
Cutucou-o com o pé e o velho levantou a cabeça soltando mais uma vez o horrendo sorriso podre.

-Senhor Deat?
-Sim. Como vai?
-Não tão bem quanto senhor, mas vou indo.
-Trouxe algo para você.
-Um presente?
-Sim. E depois ainda vai ter uma brincadeirinha... Quer dizer, uma surpresinha.

Deat puxou uma garrafa de Whisky Johnny Walker, que custou 300 reais, e entregou para o velho que logo começou a beber o liquido no gargalo da garrafa.
Deat já ia atravessando a rua quando o velho gritou:

-Hey. E a surpresa?
-Virá depois. Por enquanto vou deixá-lo com o meu amigo Johnny.

O velho levantou a garrafa como se brindasse e o deixou ir

Deat atravessou a rua e ficou encostado na pilastra esquerda do estacionamento mesmo depois de ter pegado a chave do carro.

Ele sabia que logo... Logo... A brincadeira ia começar

Após cinco minutos começou a ver alguém se aproximando do velho e logo os gritos de horror do outro lado da rua começaram. Uma senhora desesperada gritava como louca, um rapaz tentava chegar perto do velho para ajudar, mas a sua repulsa era evidente.
Aos poucos as pessoas iam se chocando cada vez mais.
Deat finalmente atravessou de novo e viu como estava o velho.
Suas roupas estavam cobertas de sangue que era jogado, através de jatos, a cada golfada do liquido vermelho que saia de sua boca. A senhora gritou mais uma vez “Alguém ajude ele!” enquanto o velho saiu andando na direção de Deat, mas antes de chegar caiu.
Tentou levantar a voz e culpar o seu algoz, mas sua boca ensangüentada não teve força suficiente.
Numa última, e vã tentativa, saiu correndo, porém errou a direção em que Deat estava e foi direto para a rua onde um caminhão que passava na hora espalhou os pedaços do velho para a plateia que horrorizada assistiu a tudo.

Mais tarde em casa...

-E como foi o trabalho hoje querido?
-Como sempre... Nada de novo. Só mais um dia.
-São pessoas empreendedoras como você que movem esse pais Zack. Por isso tenho orgulho de você.
-Obrigado amor.


Obs: A foto desce post foi retirada do site www.desciclopedia.org



Audioslave - I am the highway (live)

Ídolo

Certa vez alguém me disse que todos, em algum momento da vida, tem um professor que ajuda a conseguir um motivo para continuar estudando.
Hoje eu achei o meu.
Sabe aquele tipo de pessoa que você imagina que deve ter tudo o que almejou...
Ele é o tipo de cara que teve CR (Coeficiente de Rendimento) 9,8 na faculdade, é um tipo de cara que fez mestrado, doutorado, pós doutorado e sabe-se lá mais o que pelo simples fato de gostar... Por favor, o cara deu aula na faculdade de cinema de Havana e se sentou na mesma mesa que Fidel Castro!

Foi ele quem deu a única matéria que reprovei na faculdade, mas não ligo...


Sei que não é um grande titulo, mas sou um cara que pode contar os seus ídolos nos dedos e hoje o meu ex-professor passou a ser um deles.
Se algum dia eu for um profissional descente tenho certeza que vou lembrar dele...

"Evolução"

Na bienal do livro carioca com a vendedora...

-Nossa esse ano tem até estande do Submarino aqui?
-Sim. Também somos um dos patrocinadores oficiais do evento.
-Legal. E os livros estão baratos?
-Sim e também temos alguns dvd's e cd's importados.
-Mas... Essa não é a bienal do livro?
-Pois é...

Aff. E o capital colocou cd's e dvd's na "Bienal do Livro". Nada poderia ser mais sugestivo no ano em que a Bienal homenageia os EUA.

Contradições














-Não entendi?
-Ah... Como eu vou explicar isso a você...

O pai não sabia como explicar ao filho algo tão subjetivo. O que seria mais contraditório do que a vida na cidade que impõe leis para manter a liberdade?
Tentou pensar nas possíveis respostas.
Ele poderia culpar a boa e velha ganância humana, que ao longo dos anos foi jogada na cara de cada ser humano como errada, suja e desleal, poderia dizer que a culpa é dos nossos políticos, que nunca vão nos dar uma educação descente por que ela geraria consciência social e a consequente saída dos próprios do governo, acabando com anos de corrupção, ou... Simplesmente mais uma vez dizer as palavras mágicas: É... O Capitalismo é uma m...
Achou que por a culpa no capitalismo era a melhor opção.

Tudo é culpa do consumo!

Mas... E se sentenciar o sistema vigente gerasse mais perguntas?
O garoto é inteligente. Vai que ele desembesta a chamar o Papai Noel de capitalista safado e começa a compará-lo com o Bush até chegar ao ápice de plagiar o Capitão Nascimento mandando ele tirar aquela roupa vermelha (Comunismo) por que ele é moleque.

Vai arriscar?


Isso é algo que não vou pagar pra ver...

-Então pai.
-Então o que?
-Me responda.
-Ahh vai perguntar pra sua mãe que ela sabe.
-Não sabe não.
-Vamos comprar um chocolate na esquina?!
-Vamos!

E eu ainda tenho coragem de criticar o consumo... Sempre me salvando de boas...

Novas pessoas

Na praça com uma amiga...

-Sinceramente acho que esta na hora de você mudar.
-Como assim?
-Sei lá. Você só vive falando dessa garota.
-E?
-Que tal um ciclo novo de amizades além das pessoas de sempre?
-Mas eu conheço pessoas novas sempre.
-Onde?
-Bom, ontem eu adicionei mais três no facebook.

Desfile














Ontem tive que ir num desses desfiles cívicos aqui na minha cidade.
Como único membro integrante da família disposto a ver minha prima desfilando fui ao tal desfile marcar uma presença.

Acordei às 8 horas no sábado. É bom que isso fique registrado...

Confesso que me surpreendi com o número de pessoas que havia no local.
Assim sendo, dirigi-me rapidamente para a concentração, a fim de falar com ela, antes de conseguir um local na arquibancada montada na calçada.

-Oi
-Você veio mesmo!
-Claro.
-Legal.
-Não sabia que tocava na banda?
-Sim. Toco prato.

Um estrondo maior do que ela esperava saiu dos dois pratos quando, sem eu pedir, ela fez uma demonstração do poder de seu instrumento arrancando um olhar furioso do maestro da banda.

-Vou lá pra arquibancada pegar um lugar.
-Ta. Até mais.
-Bom desfile!
-Tchau!

Confesso que pensei numa outra menina, que também tocou prato no colégio, na hora

Quando fui procurar um lugar descobri que a arquibancada já estava abarrotada de pessoas só sobrando um espaço mínimo, que não sei como consegui achar, entre um senhor, consideravelmente fora do peso, e uma família, de uns dez integrantes, num bom ponto para ver o desfile.

30 minutos depois...


Eu não aguentava mais o locutor, aos berros, anunciando cada colégio, com sua respectiva banda, como se fosse o auge do desfile. Estava começando a pensar, seriamente, em esperá-la no final do trajeto só para cumprimentar e ir embora quando a voz anunciou a escola que eu esperava.
Garotas fazendo passos de ballet vieram abrindo.

Pensei, mais uma vez, na menina que tocava prato e também queria aprender ballet...

Quando a banda passou, eu finalmente a vi tocando prato num ritmo que me surpreendeu de tão compassado. Sinceramente não achei que ela fosse das mais ritmadas, mas me surpreendi.
O senhor gordo ao meu lado me parabenizou quando percebeu a minha avidez em vê-la.

-Ela é boa.
-Obrigado. É minha prima.

Cheguei a pensar em parabenizá-lo pelo filho dele que tocou bumbo na banda anterior, mas decidi não ser tão falso. A banda tinha sido, definitivamente, a pior do desfile.

O locutor até avisou antes que a banda tinha o sugestivo nome de "Banda Fanfarra"...

Quando tudo acabou fui falar com minha prima e depois parti direto para a auto-escola.
No final das contas o desfile não foi dos piores...


Obs: Na foto estão eu, meu primo e minha prima antes do jogo do fogão alguns dias atrás.

Analisando

Antes do show...
-Olá
-Olá
-Você esta sozinho?
-Não. Uma amiga foi ali e já volta.
-Ahh ta.
-Por que?
-Por nada.
-Desculpa, mas eu conheço você?
-Não.

2 minutos depois...

-Com licença, mas qual o motivo do seu questionamento?
-Sou Antropóloga e gosto de tentar acertar o motivo pelo qual os bêbados bebem então tentei especular.
-E...?
-E errei. Afinal de contas você esta acompanhado. Terei que jogar meu diploma fora. rs
-Rs... Na verdade você acertou em cheio...
-Ein?
-Deixa pra lá... Bom show...



Noção de Nada - Antes da enchente

A mensagem













Hoje recebi uma mensagem.
Não era uma daquelas que você espera e me pegou totalmente desprevenido.
Apaguei-a.
Pensei uma, duas, três, quatro... Incontáveis vezes ensaiei o discurso, com o teto do quarto, até decidir se deveria retornar ou não.

Qual a limite entre o “privar-se da dor” e a indiferença?

Retornei e não só as palavras me faltaram, assim nada saiu como o planejado, como a tecnologia fez questão de caçoar da minha estupidez em não conseguir me controlar perante uma simples série de palavras numa tela.
Cada vez que eu não conseguia terminar uma frase, e tinha de recomeçar de novo e de novo, via as falhas na minha fala soando tão simples e tão inexpressivas que se fosse eu quem estivesse ouvindo só poderia sentir pena da pobre alma incauta que se deixou levar pelos próprios devaneios, depois de passar anos cedendo aos açoites de uma espécie de criação num mundo paralelo chamado inconsciente.
No dia seguinte, depois de passar pelas grades brancas que um país me colocou, percebi-a enquanto o sol rebatia sua luz no ornamento em eu cabelo.
Foram alguns segundos, de pura hesitação, em que quase parei para chama - lá, mas a última lembrança não tinha sido das melhores.

E quem diabos era aquela com quem tecia comentários?


Do que ela estaria falando?
Provavelmente de trivialidades como tempo, palavras, idiomas, viagens, praia ou sobre relações.

Ahh como eu queria uma mensagem agora...

Tem gente que nunca vai aprender...


"...I'll send an S.O.S. to the world
I hope that someone gets my
Message in a bottle, yeah
Sending out an S.O.S.
Sending out an S.O.S."

The Police

Preço e ascenção

No supermercado...

-O que é isso mãe?
-Isso é caviar. Só as pessoas ricas comem.
-Uhn.
-Olhe! Como esta barato!
-Mãe eles estão com a validade vencida. Veja aqui atrás. (O garoto mostra o produto)
-Ahh, mas é caviar e esta tão barato.
-É verdade... Tão barato...
-Vou levar três.
-Beleza! Yeah!

No dia seguinte em casa com uma visita...


-Noooossa que chique vamos comer caviar?!
-Sim
-Seu marido esta realmente bem nesse emprego ein...

Desanimado










Jorge nunca tinha se sentido tão desanimado na vida.
A pior parte se encontrava na impotência em ter de existir com tudo o que, com certeza, ainda teria pela frente. Era um homem que sempre criticou os grunges loucos, dos anos noventa, que faziam musica, ganhavam rios de dinheiro, tinham várias mulheres e mesmo assim sentiam falta de algo na vida.

Por que será que isso incomoda tanto...

Conheceu algumas pessoas interessantes.
Alguns necessitavam de muito, num espaço curto ou grande de tempo, outros se resignavam ao menor índice de satisfação adquirido, pois sempre lhes foi imposta a menor porção, e uma minoria simplesmente não tinha motivo algum.
Jorge fazia parte do terceiro grupo. Não tinha motivo para amar e passou a escrever para não bitolar totalmente. Escrevia com tal voluptuosidade que acabou ganhando alguma destreza com as palavras que lhe eram tão importantes.
Sentia-se preparado até mesmo para dizer que não sabia sobre determinado assunto quando encarou a questão mais complicada da sua vida. Jorge foi questionado, pela única pessoa que o atordoava completamente sobre querer ou não o primeiro-último beijo.

Não conseguiu pensar em outra resposta a não ser um ridículo: “Eu não sei”

Ele poderia ter dito qualquer coisa, poderia ter citado um poema, poderia ter dado uma daquelas suas cantadas prontas, que sempre funcionavam, por favor(!!), ele poderia simplesmente ter partido para o ataque, mas ficou estático enquanto a tola frase era proferida pela tremula boca: “Eu não sei”.
Ficar nervoso na vida é normal, mas se você pratica o ato há algum tempo, com outras pessoas em outras situações, acredito que ele comumente se torne usual, porém não era o que estava acontecendo.
As palavras que lhe eram tão amigas se rebelaram e o deixaram no momento mais precioso.

O problema não era a palavra e sim para quem ela estava sendo dirigida


Tentou mais uma vez puxar o ar para dizer algo novo, mas tudo o que saiu foi mais um “Eu não sei”.

...

Apesar dos minutos seguintes terem sido os melhores da sua vida em algo Jorge tinha completa razão: ele definitivamente não sabia. Não sabia como proceder, agir e se portar para com ele mesmo, ele estava... Ele queria... Ele não soube mais o que dizer, ele nunca mais saberia o que dizer.
Jorge nunca tinha se sentido tão “down” na vida. Nunca tão desanimado com tudo.

Importâncias

Num teste para um grande clube de futebol...

-Você não passou.
-Como assim não passei?
-Calma. Terás outras oportunidades. Tu ainda és jovem e...
-E nada! O futebol é a minha vida! A vida que mais amo ter!
-Ok. Vou ser sincero: Não acho que você chegara a ser um jogador profissional.
-...
-...
-E... E... E o que eu farei agora?
-Você eu não sei, mas eu vou sair com a minha mulher no final de semana.



O Pearl Jam esta com um novo album na praça intitulado Backspacer.
Eu sairei daqui a pouco para comprar, então aqui vai uma das antigas do PJ executada por Eddie Vedder e seu violão.

Pearl Jam - Eldery woman behind the counter in a small town (tradução)

Eu pareço reconhecer seu rosto
Assombrado, familiar, ainda
Parece que não posso ocupá-lo
Não acho uma idéia para iluminar seu nome
Os momentos estão presos comigo...
Todas estas mudanças tomando o lugar
Eu gostaria de ver o lugar
Mas ninguém jamais me conquistará...
Corações e idéias apagam-se, desaparecem...
Corações e idéias apagam-se, desaparecem...
Eu juro que reconheço sua respiração
Memórias como digitais
Estão lentamente se levantando..
Eu, você não se lembraria
Porque não sou meu precedente
É dificil quando seu orgulho está por cima da
prateleira..
Estou mudado mas na verdade nada mudou
Cidade pequena determina meu destino
Talvez aquilo que ninguém quer ver...
Eu só quero gritar... Olá...
Meu Deus, isso tem sido tão longo
Nunca sonhei que você poderia voltar
Mas agora você esta aqui, e cá estou eu
Corações e idéias apagam-se, desaparecem...
Corações e idéias apagam-se, desaparecem...
Corações e idéias afastam-se...

De papo na praça














O dia estava lindo.

Era um daqueles em que, após dar uma rápida olhada para o céu, você diz: A praia deve estar ótima agora...

Atravessamos a rua de mãos dadas para chegar à praça e sentar em um dos bancos

Era estranho saber que, durante toda a minha vida, sempre que eu atravessei a rua perto de casa tive de dar as mãos para Renata.
Desde os seus dez anos, quando presenciou o seu irmão menor sendo atropelado, Renata tinha um cuidado triplicado quando ia mudar de calçada.

Sentamo-nos

Como de costume abri minha lata de cerveja na mesa enquanto ela saboreava uma pipoca doce recém adquirida.

-A cerveja esta gelada João?
-Não tanto quanto eu gostaria, mas da pro gasto.
-Eu brindo a isso... (levantou a pipoca com um gesto de brinde)
-Ok... (fiz o mesmo)

Começamos a conversar e ela mais uma vez, como maior conhecedora, começou a me questionar sobre a vida que eu levava.
Há muito tempo Renata dizia que estava na hora de eu crescer e parar de usar as roupas de sempre, dizia que eu deveria arrumar um emprego de verdade e finalmente me portar como gente grande.

-Você não acha que estou certa?
-Acho que ainda sou jovem e essa é a hora de arriscar.
-Você não tem mais dezesseis anos sabia?
-Uhun.
-E acha que é legal ficar bêbado todo final de semana?
-Veja como um hobbie.

Levantei o copo para mais um brinde, porém não fui correspondido

-Continuo achando uma babaquice.
-Não fala assim.
-Pelo menos você vai viajar e não precisarei mais ajudar o bebum aí a mentir para a própria mãe toda vez que chapa.
-Ahh temos boas histórias vai...
-É verdade.
-Essa merece um brinde?

Tim tim


-João?
-Oi
-Promete que vai voltar trazendo dólares e um amigo gringo bem bonito pra mim um dia?
-Pode deixar.

Renata e eu temos essa amizade há tanto tempo que nem lembro mais quando a conheci e apesar de ela ter uma beleza totalmente destacável nunca a cantei uma vez sequer.
Ela é a garota mais ranzinza do mundo, mas sempre soube apoiar as minhas maiores maluquices.

Acho que é por isso que sempre fomos amigos

Conversa entre pai e filha

Em casa...

-O que é isso?
-Um porquinho de porcelana.
-Legal!
-Você deve colocar moedas nele até juntar dinheiro suficiente para comprar algo que queira muito.
-Eba!
-E aqui estão três moedas de um real para começar.

10 minutos depois na praça

-Moço quanto custa o balão?
-Três reais.
-Eu quero um.
-Vá pegar o dinheiro com o seu pai então.
-Não precisa. Eu tenho.
-Onde.
-No meu porquinho...

CRACK!

Let's go

Não me sinto muito bem.
Ando pensando no que eu quis, e no que tenho, e cheguei à conclusão de que estou com sérios problemas.
Acredito que, fatidicamente, consegui atingir o patamar que repudiava com veemência há alguns anos. Cheguei à conclusão de que gosto da minha profissão, mas odeio meu emprego...

Afinal de contas de que adianta amar e não poder ter...

É engraçado, mas eu realmente achei que tinha algum futuro no jornalismo...
Não estou negando as minhas habilidades, pois sei que as tenho, porém na última semana a percepção de que a minha vida não esta no rumo que eu queria veio como um soco no estômago.
Não tenho problemas financeiros... Não é por causa do dinheiro... Pode parecer meio idiota, mas é pela satisfação mesmo.
Você não deve amar o que faz pelo dinheiro, status, beleza ou seja lá o que for... Você simplesmente faz aquilo por que gosta e ponto.
Acho que o meu emprego me tornou impotente nesse sentido.

Marginalizei-me

Hoje quando fui à padaria pela manhã vi o atual time de garotos do bairro chegando para fazer um lanche depois de um jogo.
A lembrança de quando eu fazia parte daquele time foi inevitável... Era um tempo em que eu só me preocupava em ser aprovado na escola e jogar bola no fim de semana...

Ahhhhh

No próximo mês terei que fazer uma pequena entrevista com uma psicóloga (aff só pode ser carma) na agência de intercambio, pois segundo a mulherzinha, com que eu falei, eles querem saber que tipo de pessoa irá levar o nome da agência para fora.
Nesse exato momento acabei de chegar de uma festividade e me encontro consideravelmente bêbado.

Hoje não quis dar em cima das tradicionais garotas para depois ficar deitado no gramado olhando pro céu


Não sei por que cargas d’água sentei aqui para escrever, mas espero que depois que eu vá embora desse país as coisas melhorem.
Então daqui a alguns anos, se você lembrar, dê uma passadinha aqui no MATUTANDO para saber se eu consegui estabilizar a minha vida num outro país qualquer ou, pelo menos, para mais uma vez ler as lamúrias, cada vez mais freqüentes, de um tolo “jornalista” e as suas desilusões...
Ok?


p.s. Justifico os meus possíveis erros de português e concordância culpando o álcool.

Vida dura

Desde muito pequeno fui educado de uma maneira franca e direta. Eu precisava ter autonomia sobre minha própria vida o mais rápido possível.
Na minha cidade todos trabalhavam em torno da construção de suas moradias e da felicidade em comum. O bem da maioria há muito tinha se sobreposto ao individualismo tão característico de tempos atrás.

Tempos esses tão distantes que não eram nem mais lembrados.

Hoje como, moradores da cidade, não temos mais que nos preocupar com os nossos semelhantes e sim com as criaturas amedrontadoras que ameaçam não só as nossas moradias mais também as vidas de todos os que nos são queridos.
As coisas gigantes sempre passam apressadas e já notamos que preferem nos matar ou destruir nossas moradias quando estão em grupo.
Meu falecido pai dizia que talvez as “horrendas coisas” fossem, no final das contas, tão covardes que só conseguiam atacar juntas.
Ele morreu num ataque de fúria de uma delas quando o bizarro ser se inflou e disparou uma ventania que destruiu metade de minha cidade.
Já esperávamos a dizimação quando uma das outras coisas chamou o nosso algoz com um urro que o fez virar e deixar de lado a sua brincadeira doentia.
Mudamos de lugar e reconstruímos nosso lar do zero.
Meu filho nasceu há algum tempo e faço questão de ensinar-lhe tudo o que sei sempre pedindo para ter muito cuidado com os horrendos seres que nos cercam.

-E se eles resolverem acabar conosco dessa vez pai?
- Temos que aprender a conviver com eles, pois são donos desse mundo pelo seu tamanho e força...
-Isso não é justo!
-Muitas coisas não são justas nesse mundo.
-E então. Esperamos até o próximo ataque aqui sentados?!
-É meu filho, vida de formiga não é fácil...

A moça

Apoiado em uma das extremidades do portão o rapaz olhava para o outro lado onde uma fileira de plantas, meio mal dispostas, se encontrava.
Um número de pessoas, maior que o esperado, saia e algumas o cumprimentavam.
Permitiu-se começar a pensar na viagem que iria fazer.
Uma decisão meio repentina, talvez até meio sem pé nem cabeça, mas que estava bem definida e fundamentada na perspectiva de se mudar totalmente de ambiente e de vida.
Seu pensamento é interrompido pela ânsia da espera e ele olha para a escada quando a vê descer.
Não era um “grande momento”.
Não era aquele tipo de situação que se vai lembrar para sempre.
A moça que ele esperava não usava uma roupa elegante e não descia as escadas com graciosidade. Na verdade era um passo apressado, talvez até meio sem jeito, mas não importava...
Era uma daquelas vezes em que a moça estava radiante por algum motivo.
As olheiras tão características pareciam um pouco menos evidentes e a cada degrau o cabelo fazia o típico movimento de quando se caminha.
A pesada mala, que a moça sempre carregava, parecia não se render aos caprichos da gravidade e ao pequeno corpo que a levava.
Era um momento cotidiano e que não teve a menor importância para ninguém, mas foi um daqueles que fizeram o rapaz entender por que Albert Einstein disse que o tempo é relativo.
Aqueles segundos foram editados em slow motion.

-Vamos?
-Vamos.

Entre conversas e distrações

Ao iniciar o diálogo...

-Olá
-Olá
-Então Rodrigo descreva-se.
-Ok. Meu nome é Rodrigo e tenho 27 anos. Toco bateria desde os quinze, mas minhas bandas nunca deram muito certo, dei meu primeiro beijo com dez anos, perdi a virgindade com dezessete, sou alérgico a picada de mosquito, nunca pratiquei com regularidade qualquer atividade física, com exceção ao futebol na adolescência, tive um amor platônico na universidade, minha cor preferida é amarelo e...
-Rodrigo?
-Sim?
-Isso é uma entrevista de emprego. Pedi pra que você se descrevesse profissionalmente.
-Ah ta... Ok. Meu nome é Rodrigo e tenho 27 anos...

O melhor






Há alguns dias o piloto de formula-1 Felipe Massa sofreu um grave acidente no GP da Hungria que o levou a um estado de coma induzido no hospital.
Como telespectador assíduo de todas as corridas da categoria assisti pela TV o acidente do piloto brasileiro e as noticias seguintes que chegavam pela internet. Entre verdades e especulações os noticiários confirmavam a recuperação de Massa, mas ele não correria por, pelo menos, uns dois GPs.

Então quem irá substituí-lo?

Foi quando li num site que Michael Schumacher tinha acabado de aceitar o convite da Ferrari para assumir o posto de Massa temporariamente até a pronta recuperação do brasileiro.

Essa me pegou de surpresa...

Schumacher é heptacampeão da principal categoria do automobilismo mundial e seu nome consta em, mais ou menos, 95 % das estatísticas positivas da história do esporte, ou seja, se ele não é o melhor foi um dos melhores pilotos que já existiu.

Ok. Agora ele vai entrar no meio do campeonato e ganhar!

É matematicamente impossível que o alemão seja campeão, mas o que me impressiona é a capacidade de um homem ser tão superior a todos os outros em algo.

Quem pode, pode...

Imagine poder ser e saber que você é um dos melhores da história no que faz e
que se resolver voltar, depois de aposentado, ainda continuará sendo melhor do que todos. Onde ele arranja vontade de correr?

RS ...nos milhões que ele ganha e nas mulheres que ele deve ter... RS

Ser incontestavelmente o melhor deve ser difícil e saber que você o é deve ser pior ainda.

Que demagogia ridícula... Nem eu acreditei nessa...

Bom, só espero que o Massa volte logo por que não vou agüentar ver o Rubinho de novo atrás do Schumacher...

RS ...essa foi boa... RS

Então que o alemão ganhe mais dinheiro, corridas e mulheres nos próximos anos...

E que ele deixe umas pra gente também né!?


Obs: A foto mostra Schumacher em seu "carrinho" quando foi visitar Massa no hospital.

Veni Vidi Vinci




Esse documentário foi produzido pelos alunos de Jornalismo Pamela Oliveira, Raphael Oliveira, Tamyris Torres, Juliana Botelho, Cristina Jeickel e Alan Borher.

Veni Vidi Vinci conta a história do ex-fuzileiro naval Vinicius pontes que teve de reestruturar toda sua vida depois de um acidente de trânsito que o deixou paraplégico.

Obrigado por assistir. ;)

Comum... Não Obrigado

Enquanto isso numa loja de roupas...

-Oi. Quanto custa essa camisa?
-60 reais.
-Uhn.
-Leva essa outra aqui. Tem saído muito...
-Tem?
-Sim.
-Então eu vou levar essa que eu escolhi mesmo. Obrigado.

Silversun






O Silversun não estava tão divertido naquele dia... Quer dizer, não para mim. O bar estava lotado como sempre, mas a banda, que tocava alucinadamente no palco, parecia meio chata e até os bêbados já estavam naquele estado de começo de depressão.
Olho para o celular e não vejo nenhuma luz piscando.

Bom, não posso mais esperar ligações de madrugada...

-O que você tem? Parece meio triste...
-Não, que isso. Estou muito feliz por estar aqui com você.
-Sei lá. É que você esta meio... Frio...
-Nada. Uma leve crise existencial... Vou beber pra melhorar... Desce uma! Rs
-Ah ta... Rs

Essa ai nem deve saber o que é uma crise existencial

Vou ao banheiro e antes de entrar dou uma olhada para a fila da entrada feminina.

Gigante como sempre

Para no mictório e fico brincando de acertar a pedra de gelo enquanto os outros biombos ao meu lado vão sendo ocupados pelos mais diversos tipos de caras.

No último tinha um com o maior moicano que eu já tinha visto

O Silversun tinha o lavatório mais estranho do mundo... Balões com formato de ovelhas ficavam pendurados no teto. Quando os ventiladores do local sopravam, as ovelhas se batiam umas nas outras.

Malditas ovelhas... Nunca gostei delas...

-Então a fila do banheiro feminino estava grande?
-Como sempre...
-Pelo menos nisso os homens tem sorte. É só abrir a calça e urinar. Rs
-Sem duvida. RS. Vamos sair daqui?
-Pra onde?!
-Não sei.
-Você tem carro por acaso? Estamos a pé, e essa hora pra ônibus no Rio...
-Confia em mim?

Ela não respondeu, mas eu sabia que não... E isso, na verdade, não importava...

Quem eu quero que confie em mim confia... Mas... E ai... Ponto.

Puxei-a pelo braço e fomos andando até a calçada.
Fiz sinal para o primeiro taxi e ele não parou. Ela me deu um beijo no rosto foi, quase, para o meio da rua e parou um só em olhar para o motorista que perguntou quando nos sentamos:

-Pra onde rapaz?
-Vamos para a praia.
-Ok.

Ela me olhou já se preparando pra perguntar o que íamos fazer na praia de madrugada com algumas cervejas na mão, mas eu não dei oportunidade beijando-a primeiro.
Quando chegamos paguei o motorista e fomos andando na direção da escuridão onde estava a areia.
Sentamos e fiquei olhando para o céu estrelado com a minha cerveja de um lado e ela do outro me abraçando enquanto conversávamos sobre as maiores besteiras...

-E então?
-E então o que?
-Nós viemos aqui conversar?
-Por que... O que você esperava?
-Algo mais intenso.
-Algo mais intenso do que eu sinto no momento é difícil...
-Não entendi...
-Exato... Acho que eu entendi... E entender é uma m...

Umas duas horas depois ela fez de novo o seu truque da madrugada e pegamos mais um táxi que nos levou para casa.
No dia seguinte, antes de pegar o avião e viajar de volta, ela me ligou, uma última vez, para desejar boa sorte e dizer até a próxima.

Essa foi boa idiota...

Zack Deat - As férias













Post anterior: http://matutandorj.blogspot.com/2009/06/o-garoto-da-plataforma.html

Zack Deat sempre se programou para que em todo mês de julho pudesse tirar férias junto com a sua mulher e os seus filhos. Como pequeno empresário, e dono de seu próprio negócio, podia se presentear com alguns pequenos luxos como esse.
Naquele meio de ano Deat planejou, além de uma “bricadeirinha rural” como já vinha se tornando praxe na sua vida, umas férias no campo com a família.
É claro que a “brincadeira” da vez figurava apenas nos seus pensamentos mais profundos, mas já fazia algum tempo, desde o incidente no metrô, que ele queria variar um pouco o ambiente das traquinagens. E que melhor momento... Qual poderia ser melhor?
A viagem de carro foi divertida e Zack Deat dirigiu conversando com a sua esposa por todo o caminho enquanto os seus dois filhos brincavam no banco de trás.
Quando chegaram puderam ver que a casa de campo era realmente bonita e imponente. Com quatro quartos, cozinha, dois banheiros e uma sala bem espaçosa, a casa tinha os seus cômodos distribuídos em dois andares.
O dono, que estava alugando o local, entregou as chaves, logo que a família chegou, dizendo que era o melhor casarão da região para Deat que respondeu com um aceno de cabeça.
Os dias que se seguiram foram tranqüilos. As crianças brincavam muito com os filhos dos vizinhos e a esposa de Deat estava se sentindo muito bem. Como numa segunda lua de mel com o marido que correspondia sempre com muito amor.
Lá pelo meio do mês, numa de suas voltas matutinas, Zack Deat corria pela estrada de terra, que corta as plantações, quando viu o alvo em potencial que procurava desde a sua chegada.
A menina ruiva de cabelos lisos que colhia milho na plantação era frágil e bonita o suficiente para ser muito amada... O que traria um gosto especial para ele... É claro.
Percebeu então que sempre que passou por ali viu ela no mesmo milharal, no mesmo horário e com a mesma vontade para verificar os frutos da plantação. Deat prometeu a si mesmo que o dia seguinte seria o dia da “brincadeira”.
E como ia ser divertido...
Na mesma noite fiou pensando com os seus botões em qual seria traquinagem mais divertida. Deliciava-se, sentado a mesa cortando tomates para sua esposa, perdido em seus pensamentos. Cada corte feito no tomate, com precisão pela faca, gerava um riso que mostrava um misto de ansiedade e felicidade.
Foi quando a esposa perguntou:

-O que foi querido? O que é tão divertido...
-Esse tomate vermelho. Não é engraçado poder cortar algo tão frágil?
-Se você acha... RS
-É sim. Cortar é... Divertido.
-Então se divirta brincando um pouco mais pra eu fazer o molho pro macarrão.
-Pode deixar. Vai ser uma ótima brincadeira...
-Rs RS... Só você mesmo Zack.

Na manhã seguinte Deat pegou a sua faca, colocou no bolso, deu um até logo para a sua esposa e foi correr.
Como vinha mantendo esse hábito desde o início das férias a sua magreza começava a parecer mais um sinal de saúde do que de debilidade, como sempre foi.
Ao chegar no milharal se surpreendeu com a não presença da menina ruiva e decidiu esperar.
Esperou cinco, dez, vinte minutos... Quando já estava pensado em desistir... Ouviu o barulho de algo mexendo.
Sentia a excitação de um adolescente que esta a ponto de tirar a virgindade da santinha do colégio.
Viu o milharal se abrindo e os cabelos vermelhos aparecendo enquanto os olhos da menina tentavam, inutilmente, fazer a checagem de cada espiga.
Começou a se arrastar como uma cobra (uma cobra venenosa) e se aproximou cuidadosamente, enquanto a garota examinava com mais cuidado uma espiga estragada, até estar a menos de dois metros da concretização da brincadeira.
Deat ficou lentamente de joelhos... Tirou a faca do bolso... Olhou-a e pôs toda a sua força para fazer um corte em cada calcanhar.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

A garota cai soltando um grito e começa a se arrastar sem olhar para trás. Deat se joga em cima dela e lacra a sua boca com a própria mão.
Se deita sobre o corpo de sua vítima e diz no seu ouvido: “A brincadeira é de pergunta e resposta... Se você acertar ganha uma faca e se errar perde a vida...”

Por favor... Não... O que eu fiz!!!!!!

Vamos, seja uma boa jogadora. Eis à questão. Valendo uma vida: Quantos milhos existem nessa plantação?

TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC

Ela grita:
-Por quê…!?!?!? O que eu fiz…!?!?!?
-Não estrague a brincadeira... Só responda!
-Eu não sei!
-Resposta errada!

À noite em casa:

-E então querido, quer cortar mais uns tomates para o jantar.
-Será um prazer amor.
-Só não estou achando a faca. Sabe onde esta?
-Também estou procurando desde manhã.
-Que mistério... RS
-É verdade... Esqueça isso. Vamos comer uns milhos na feira. É mais saudável.
-OK
-Dizem que o segredo das plantações daqui é o adubo. Os melhores milhos de toda a região... Os melhores...
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