Escuro




O escuro é um dos companheiros mais antigos do ser humano. Alguns o temem enquanto outros vêem beleza... Alguns o desprezam enquanto outros o acham instigante...
Dentro da escuridão você pode ter controle absoluto do que pode fazer ou perder totalmente a noção das suas ações.

Por que não me olha nos olhos?


Não olhar nos olhos é uma opção de tentar fugir um pouco da realidade inquietante, mas olha-lá diretamente é se deixar levar pela presunção da imaginação de que algo podia ser diferente... Nem que seja minimamente diferente.
Confesso que a minha insistência em ver a realidade e manter os meus pés no chão tem sido realizada com pouco êxito e tem me deixado mais... Sei lá... Ferrado.

O que você pretende mudar com isso?


Absolutamente nada, pois tenho um pensamento sóbrio demais para ficar especulando situações.
Há muito tempo, por exemplo, não lembro de um sonho. A única imagem que vem a minha mente, ao tentar forçar lembranças do meio da madrugada, é a do preto total.
Acho que devem existir momentos na vida em que nem os sonhos permitem reviver instantes tão pequenos, mas que foram presenciados pela própria escuridão que agora renega a recordação.
O preto traz consigo uma forte carga emocional e talvez por isso ele seja a cor predominante aqui no Matutando.

Consequências




Fui ao oftalmologista fazer alguns exames para saber, especificamente, por que um vaso sanguíneo estourou no meu olho e deixou uma mancha visualmente incomoda no lugar.
De acordo com o doutor isso, por mais incrível que pareça, é algo mais comum do que se imagina. Ele disse que normalmente a causa principal é o stress, mas iria fazer alguns exames mais profundos para ter uma maior precisão no diagnóstico.
Quando o exame foi entregue me assustei. O doutor disse: “O stress é a causa principal, mas uma dose exagerada de álcool foi o que iniciou a dilatação exagerada do vaso e...”
Era a primeira vez que o álcool me trazia algum malefício e dei graças por minha mãe não estar lá para poder ouvir aquilo. Acredito que nenhuma mãe gosta de ouvir sobre o vicio do filho e a minha ia ter um "piripaque" se descobrisse o que eu tinha adquirido.
Quase pude me ver sendo pressionado, mais uma vez, para ir num psicólogo (malditos metidos a sabichões!) que me diria, de novo, que eu precisava guardar menos as minhas emoções e falar mais sobre o que sinto. Podia ouvi-lo dizer que o álcool era um modo de esquecer a minha recente frustração, que ele acabaria diagnosticando como principal motivo, e eu diria: “mais se é essa a intenção... aff”.
Sei que no final das contas perguntei ao doutor:

- Eu devo parar com a bebida?
- Com que freqüência você se embriaga?
- Só em eventos sociais... Festas... O senhor sabe...
- Isso é verdade ou é um discurso ensaiado?
- A mais pura verdade. (E realmente era)
- Então esta tudo bem. Só tente pegar mais leve pelo menos por enquanto ta?
- Tudo bem.
- Doutor... E se a minha mãe perguntar...
- Pode deixar. Afinal de contas você já é um homem rapaz. Só tome cuidado, esta bem?
- Pode deixar. Obrigado.

Zack Deat





Desde muito pequeno Zack Deat soube que a única maneira de vencer na vida era se esforçando muito. Aos dezoito montou uma pequena empresa de alimentos que rapidamente prosperou, então com 22 mudou de ramo se tornando um empresário bem sucedido no seguimento dos transportes quando chegou à sua atual idade: 40 anos.
O Senhor Deat, como gostava de ser chamado no ambiente de trabalho, era um homem exemplar. Trabalhador, conseguiu formar uma bela família e construir uma empresa próspera que proporcionava a ele uma vida totalmente estável.
O único defeito na vida de um homem tão admirável era um hobbie doentio adquirido por pura loucura.

-Boa noite senhor Deat.
-Boa noite Rose, até amanhã.

Depois de se despedir da sua secretária Zack Deat saiu do escritório naquela segunda-feira pronto para realizar mais uma “brincadeirinha”, como ele gostava de chamar, mas dessa vez seria algo especial.

---------O senhor Deat tinha conseguido pequenas proezas em uma curta história de loucuras. Desde que ficou rico e sentiu que toda a sua vida estava garantida, mais ou menos aos 30 anos, ele adquiriu o hábito de fazer “brincadeiras com as pessoas” todas às terças à noite.
A primeira vez aconteceu enquanto aguardava o metrô. O Relógio da estação marcava 23 horas e Zack Deat notou que só havia três pessoas na estação: ele, uma senhora a sua frente e um adolescente na outra extremidade da plataforma.

A primeira vez é sempre mais complicada, porém sempre nos instiga ao próximo ato.

Ele a olhava com pena, não sabia por que, mas tinha repulsa por aquele ser que se postava a sua frente.
Ouviu o estrondo do metrô se aproximando e a mulher do alto-falante, que anunciava a chegada da grande minhoca de metal a estação, quando a senhora deixou cair uma moeda no chão e se agachou para pega-lá.
Deat não conseguiu se controlar... Por algum motivo que ele desconhecia... Ele... Ele parecia um espectador dentro de seu próprio corpo vendo a sua perna se levantar e num só impulso chutar a senhora para a linha onde foi triturada pelo metrô.
O jovem com seus grossos fones de ouvido nem notou o incidente, pelo que Deat percebeu ao entrar no mesmo vagão que ele para verificar. -----------

Aquele dia podia ser segunda, mas Zack Deat estava se sentindo disposto demais para desperdiçar toda aquela energia. Hoje alguém iria ser alvo de uma “pequena brincadeirinha” e ele já tinha até escolhido o lugar: Um baixo prédio, de contorno escuro que ficava numa rua ali perto.
Zack vestiu uma calça jeans e um casaco, largo demais para o seu corpo esguio, e entrou no prédio depois de deixar o carro, com seu terno, a algumas quadras dali.
Subiu e olhou de porta em porta, por cada andar que subia, procurando alguma que estivesse entreaberta ou pelo menos por um apartamento que estivesse recebendo visitas.
Não deu sorte.
Quando acabou chegando ao terraço, e nada conseguiu, se sentiu frustrado. Ainda tentou em vão achar alguma alma incauta que estivesse tomando um ar por ali, mas o único ser vivo que se mostrava presente eram os pombos.
Esbravejou: Que m... Que mundo é esse onde não se pode nem fazer uma “brincadeirinha”?!
Foi quando teve uma ideia brilhante (digna de Zack Deat). Ele olhou pela sacada e viu o que esperava: uma família de pai, mãe e filho passando.

Que sorte... Que sorte!

Imediatamente seus olhos ficaram nervosos procurando algo. Depois de dez segundos intermináveis, para Deat, ele achou um grande vaso de plantas que com dificuldade conseguiu levar até a beira.
Posicionou-o e atirou.
A planta foi caindo de forma lenta, para ele, até atingir em cheio a cabeça do garoto.
Zack Deat pode ver de camarote o desespero do pai e da mãe e começou a sorrir, com o canto da boca, quando sentiu uma mão em seu ombro...

-Quem é você?
-Não se lembra de mim?
-Não! O que você quer?!
-Nada. Só fazer uma pequena “brincadeirinha”

E o rapaz empurra Deat que começa a cair do alto do prédio em direção ao mesmo lugar onde o garoto ensangüentado era acudido.

A última lembrança que Zack Deat teve na sua vida, enquanto despencava do prédio, foi a mais aterrorizante de toda ela: O rapaz que havia lhe empurrado usava fones de ouvido grossos que tocavam uma musica alta, que ele mesmo podia ouvir e reconhecia: Sweet Dreams – Marilyn Manson...
Ele era o garoto da plataforma do metrô.

"Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something..."



Garçom, sem gelo por favor - Noção de Nada




Obs; Como a banda acabou espero que ninguém me processe ou exclua o Matutando por eu ter colocado essa musica aqui...

Eu queria ser Roland de Gilead




Lembro claramente da primeira vez em que li um livro de Stephen King... Era um dos seus Best Sellers, de nome O Iluminado, e desde então gostei de tudo o que consumi do autor.
Um livro em particular ganhou meu apresso: A Torre Negra. É uma série, de sete volumes, que me intrigou e me fez entrar definitivamente para o hall de “fãs cegos” do senhor King.
O livro conta a história do pistoleiro Roland de Gilead e sua incessante busca pela Torre Negra.

Não vou ficar explicando a história do livro, isso já basta.

Desde o primeiro volume adquiri certa admiração pelo personagem principal. Roland traçou uma meta em sua vida, mesmo que essa tenha sido quase que imposta, e não mede esforços para alcançá-la.
Até o presente momento, que se enquadra com o quinto volume que estou lendo, Roland já perdeu três dedos numa luta com “lagostrosidades”, deixou um garoto, que era quase seu filho, morrer, lutou com bruxos, robôs gigantes e enfrentou o trem Mono Blaine, com suas gincanas mortais e doentias, em sua busca.
Roland não se importa de matar toda uma cidade com suas pistolas, tiradas com movimentos rápidos do seu coldre, para chegar mais perto de sua torre e ter de volta a sua antiga vida. Ele jamais se deixaria vencer por pouco, pois ele tem uma meta.

Ao contrario de você que se desmonta todo só de pensar num vestido xadrez!

Definitivamente não conseguiria ser tão “ousado” quanto Roland e passar por cima de tudo e de todos numa busca louca.

Claro que não o idiota é bonzinho demais né?

Hoje pensei em dar um ponto final neste blog... Sei lá... Começar outro com um novo endereço em outro lugar para que eu possa fugir, mais uma vez, das visões dilacerantes que me cercam até mesmo por aqui no mundo dos blogs. Estou escrevendo histórias repetidas... Basta você dar uma olhada nos posts mais recentes... É a mesma história com a mesma garota e com o mesmo final...

Dilacerar? Aff Por isso gosto mais do cara de Gilead.

Num ato de coragem estúpido e sem nexo resolvi, enquanto escrevo este texto, que vou permanecer por aqui... Acho que seria algo, no mínimo, insano parar de escrever...
Até quando?
Essa é uma boa pergunta. Quem sabe até o próximo final... De semana, de faculdade ou simplesmente eu continuo até os sessenta.

Isso, definitivamente, não foi um ato nem um pouco corajoso.


Ah como eu queria ser o Roland.

Só em sonhos... haha

Não quero reconhecimento... Só a verdade.




Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), do dia 17 de junho, ninguém, eu disse ninguém, precisará de diploma pra exercer a profissão de jornalista.
Por oito votos a um o diploma caiu.
Como estudante, e aspirante, da profissão vi ser ferido o principio básico que todo jornalista aprende antes mesmo de entrar na faculdade: “Contra fatos não há argumentos”
Segundo Gilmar Mendes, presidente do (STF), a profissão de jornalista pode ser comparada com a de um cozinheiro. “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”, disse.
O fato é que, com todo respeito aos cozinheiros, não estamos discutindo aqui o caviar que o nosso “querido presidente do STF” irá comer no almoço e sim a informação que todo o Brasil irá receber sobre seja lá qual acontecimento for.
É indiscutível a não existência da imparcialidade e a existência de um grande número de jornalistas que “comercializam” e não noticiam.
Não estou falando pela maioria aqui.
Não sei a opinião da maioria, assim como o STF e seus nove ministros, que decidiram entre eles, o futuro de uma classe profissional inteira também não sabem. Estou falando simplesmente por mim e por alguns colegas que gostariam de ter uma oportunidade.

Uma oportunidade de tentar não ser só mais um que se rende aos salários pagos pela publicidade.
Uma oportunidade de fazer o melhor que posso, na busca da imparcialidade, sem me preocupar com um político que vai noticiar em outro veículo exaltando somente as qualidades do seu amigo e assinando no final: Por fulano de tal.

Não quero que o STF compare a profissão que escolhi para exercer, pelo resto de minha vida, com a de um cozinheiro, de um motorista e muito menos com a de um médico ou de um engenheiro.
Sou um jornalista e irei pegar meu diploma com os senhores ministros achando que eu preciso dele ou não, pois eu não quero reconhecimento... Só a verdade.


Obs: Na foto o presidente do STF Gilmar Mendes.

Flávio e Tácia

Flávio nunca tinha se sentido tão perdido.
Talvez ele soubesse desde o início que toda aquela situação, criada por ele mesmo, (isso ele admitia) tinha impossibilidades fortes demais para se começar um relacionamento.

Tudo ou nada...

Flávio não estava disposto a arriscar. Simplesmente não podia conceber a idéia de não ouvir a voz de Tácia no telefone, em algumas ligações esporádicas durante o mês, enquanto envelhecia...
Seu humor era inconstante demais para manter-se isento de sentimento extremos, por muito tempo, e o que era inevitável aconteceu: Tácia descobriu.
Sua vida então se resumiu, durante um período grande demais para ser contado, em sentir o cheiro do cabelo de Tácia e perceber cada peculiaridade inerente a sua personalidade.
Era algo natural e Flávio não precisava fazer força alguma para continuar o que estava fazendo.

O “Fantástico mundo de Bob..."

Tácia sempre foi realista com Flávio e por mais que realmente houvesse alguma “coisa”, era uma “coisa” que não tinha força suficiente para mover os destinos que estavam sendo traçados. De forma lenta e agoniante ele via o tempo e os fatos passarem sem poder mover seu lábio para poder gritar o significado de um sentimento que nem ele conseguia traduzir com palavras de tão forte.

O que ele ia dizer então: Olhem o bobo!

A Maioria das pessoas, com certeza, achariam esse discurso clichê enquanto a minoria não.
Ele aceitava. Estava agradecido pela felicidade da pessoa por quem o seu sentimento já tinha ultrapassado o significado da (hoje) “palavra-clichê” amor.

Que ridículo!


Estava disposto a não fazer nada.
Por Tácia ele estava disposto a simplesmente olhar... A pensar demais e olhar...
Tentou mudar de ambiente, ele iria para um lugar reconhecidamente melhor, porém não conseguiu. Não podia perder os últimos meses em que teria a possibilidade de sentir o cheiro e ver os trejeitos tão característicos desfilando por perto.
E por que ele pensava assim?
Acho que porque aquela percepção do que é óbvio nunca tinha se mostrado tão presente. Sem duvida ela estava lá, mas nunca tão presente.

"...Não dá mais pra ser como era antes
Tem mais alguém?!
mais forte que tudo que você sonhou
mais forte que tudo que ela já sentiu
mais forte do que qualquer explicação."

Zander

Serial Killer




Essa semana ganhei um objeto que me transformou num assassino.

Uhn?

Fico sempre a espreita esperando por uma aparição que possa saciar a minha sede por acabar com o maldito. A cada barulho posso perceber a dor do meu alvo se contorcendo todo num misto de dor e desespero.
Sei que ele quer escapar, mas não pode fugir de toda a minha ira traduzida num veloz movimento que culmina com um estalo quando acerto o seu corpo no ar.
Devido a minha alergia a picada de mosquito passei um período traumatizante da minha infância, e parte da adolescência, com a perna toda marcada.

A invenção dessa raquete esta revolucionando a minha vida.


Quero oficialmente nesse blog agradecer a seja lá quem foi que deu ao mundo essa fantástica invenção.
Obrigado por me dar a chance da revanche!

Fritaaaaaaaaaaaa!

A cesta




Se um presente é feito com a intenção de se dar para alguém por que reluto tanto em entregá-lo?
Talvez certos objetos sejam predestinados a nunca chegar à mão de seu destinatário, mas hoje decidi que ele ia chegar para alguém.
Esse mundo tem tão pouco tempo de vida, comparando com o universo que o envolve, então imagine quantas cartas não chegaram ao endereço que o remetente colocou, quantos presentes não foram entregues, com medo de se parecer idiota demais, ou quantas chances já se perderam por seja lá qual for o motivo.

Não quero que me entendam. Nem eu mesmo consigo...

Recuso-me a deixar que a premiação, ganhada com a história de amor feita com a imagem de uma só pessoa na cabeça, não seja entregue a alguém.

Não serei tão pretensioso a ponto de entregar a ela...

- Um presente pra mim.
- Sim
- Isso não é um pedido de namoro é?
- Não
- Então por que esta me dando?
- Por que não posso dar a quem eu queria.
- E por que você acha que eu aceitaria o presente destinado a outra garota?
- Por que ele foi adquirido como premiação por uma história de amor, e se o meu amor esta nele posso dá-lo a quem eu quiser.
- Mesmo que a história em questão não tenha sido sequer pensada com a minha presença?
- Não sei, mas você o merece...
- Você não acha isso meio estranho?
- Totalmente. E vou compreender se não o aceitar.
- Eu aceito.
- Então a cesta é sua.
- Obrigado.
- De nada.

Lá vem o "garoto-clichê" de novo...

Aquele sim era um grande time

Continuação do post: http://matutandorj.blogspot.com/2009/02/aquele-sim-era-um-grande-time.html

O técnico sabia que a minha única, e mais destacável, qualidade como jogador era a marcação. Por isso era compreensível a minha entrada no time no lugar de Vandinho, para uma marcação individual, mas tinha que ser logo naquele jogo e em cima do Alan.
Entramos e eu pude sentir o chão duro e arenoso do Campo do Caroço debaixo da minha chuteira.
Posicionamo-nos para dar inicio a partida.
Muitas pessoas se seguravam na grade, que envolvia o campo, e eu podia ouvir o murmurinho de expectativa que cercava o lugar. Parecia o coliseu de Roma e os súditos estavam prontos para gritar: Morte aos gladiadores!
O juiz que entrou em campo era o Neca. Ele vivia no bar e estava com uma camisa amarela apertada ridícula que mostrava a sua enorme barriga de chope cultivada com anos de cevada.

Todos riram alto quando ele entrou em campo e apitou o inicio da partida.

Imediatamente me posicionei perto de Alan.
Na primeira bola do jogo ele só pode ver a minha antecipação e o belo passe que dei para um chute perigoso de Feição.
Logo após o lance olhei para o meu pai, que estava atrás do nosso gol se escorando na grade, e percebi um sinal positivo com a cabeça seguido de um grito:

É isso ae Raphael!

Durante todo o jogo Alan teve muito poucas chances, pois no final das contas apesar de ele ser extremamente habilidoso e mais forte, eu tinha uma vantagem que foi decisiva: a agilidade.
Antecipava-me a cada bola com muita rapidez e atenção. Percebia a inquietude nele a cada jogada que se seguia e a cada grito do meu pai na beira do campo:

É isso ae Raphael!
O Alan ta fud...
Fica nervoso não ein por...!


Foi quando no segundo tempo numa batida de escanteio, em que eu estava mais uma vez o marcando, a bola estava viajando para a área e algo que parecia inevitável, e eu estava prevendo desde o anuncio da minha titularidade no jogo, aconteceu.
Até hoje eu posso visualizar, em slow motion, a bola vindo para a área e o cotovelo de Alan indo para frente e voltando com toda a força atingindo em cheio o meu nariz que imediatamente começou a sangrar.
Lembro de ver Neca, com sua camisa amarela na metade da enorme pança, vir correndo e expulsando Alan enquanto eu saia de campo escorado por vandinho, que entrou em campo para me ajudar, e era substituído por Digão.
Depois daquele jogo me tornei a principal arma do time para marcação e o treinador, às vezes, até me colocava como titular.
Quando o jogo acabou meu pai fez Alan me pedir desculpa e me pagou um refrigerante no bar enquanto ele tomava uma lata de cerveja. Ele olhava para mim e aquele foi um dos poucos momentos na minha vida em que realmente tivemos uma relação sincera de pai e filho.
Aquele sem duvida alguma foi o melhor jogo da minha vida e aquele sim era um grande time...
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