Mendigarias

Na rua...

-A senhora pode dar um real para um pobre mendingo?
-Eu não tenho moço.
-Por favor me ajude.
-Ok.
-Eu sabia que a senhora tinha um coração bom.
-Pegue esse biscoito.

Cinco segundos depois o mendigo grita...

-Eu pedi um real e não um biscoito sua maluca!

Kriptonita

Queria dizer palavras bonitas
Mas elas se esgotaram
Queria ter uma maquina do tempo
Mas os cientistas priorizam as dores físicas

Queria ser um rockstar
Mas se tivesse sido um jamais teria a conhecido
Queria conjugar meus verbos no presente
Mas é algo insubstituível

Gostaria de ser egoísta
Mas sou totalmente altruísta
Gostaria de ser mais feliz
Mas se você já é me basta

Gostaria de um dia ser jornalista
Mas serei sempre a estrada
Gostaria de ser uma mistura de Amarante e Roland
Mas nunca poderei compor um último romance

Queria não ir embora...
Mas não posso mais vê-la tanto
Queria ser forte o suficiente
Mas já viu as minhas lagrimas mais de uma vez

Acredito numa força superior
Que me deu meu maior presente
Para pensar e lembrar por toda a minha vida
Com uma única condição: A não presença pela maior parte

Queria não escrever isso
Só parando frente a você e dizendo três simples palavras
Para sempre
Mas...

Como dizem na china: Não basta escolher. você tem que ser escolhido...


Isso soou tão idiota depois de escrito

Feliz aniversário

Na festa...

-Parabéns!
-Obrigado
-A festa esta ótima
-Também gostei e ainda mais surpresa...
-E então quantos anos você esta fazendo?
-Cinquenta
-Esta com corpinho de quarenta e nove ein...
-¬¬

O rato e a cientista













A cientista estava sentada em frente à lareira com um copo de vinho numa das mãos. Enquanto girava vagarosamente o liquido, dentro do recipiente de vidro, resolveu subir repentinamente para o sótão da casa.
Entrou e acendeu a luz do laboratório que não visitava fazia meses.
Tudo ainda estava no mesmo lugar e no canto do cômodo dentro de uma jaula o rato se pôs de pé logo estampando um sorriso no focinho.

-O que você esta fazendo?
-Vim visitá-lo pela última vez
-Por que?
-Não farei mais experiências aqui com você
-Por que!?
-Conheci um cara no trabalho e vou sair com ele, não tenho mais tempo para ratos... Adeus...

A cientista sai e deixa o rato vê-la dando as costas. O bichano logo se senta e depois de algum tempo abre a própria jaula, como a cientista nunca soube que ele fazia, pega uma boa quantidade de ração e se trancafia de novo.
Tinha criado com o tempo um amor incondicional e inexplicável por aquela que lhe dava drogas estranhas e fazia bizarras experiências.
Meses se passaram até o dia em que o rato estava deitado, em mais uma hora de puro ócio pensado na cientista, quando ele ouve passos na escada.
Não se iludiu: Provavelmente a cientista deveria ter comprado um gato que estava descendo as escadas para dar parte, de uma vez por todas, a sua vida quando a luz se acendeu.
Era ela: a cientista.
Abriu a porta e deu aquele sorriso que só ela sabia dar... Um em que balançava levemente a cabeça e a posicionava meio de lado deixando assim a maior parte do seu rosto a mostra, já que a outra era meio encoberta pelo cabelo jogado normalmente para um único lado que tinha um cacho maior que os outros.
Pegou o rato pela pata segurou em sua cintura e disse que sentia saudades...
O rato se abriu e disse que passaria a vida inteira correndo na roda que havia em sua jaula só para ver um sorriso no rosto da cientista. Estava disposto a perder todo o seu pêlo em experiências e ter problemas de saúde sérios só para vê-la todo dia.

-O que você quer é isso? (perguntou o rato)
-Eu não sei o que quero...

O rato respirou fundo e disparou para a cientista: Não quero que você se sinta mal e faria qualquer coisa para vê-la feliz, mas você que tem que decidir e estou disposto a aceitar essa decisão seja ela a meu favor ou não. A minha felicidade é saber que você esta bem fazendo o que você gosta com quem você ama.

-Acho que dei remédios demais pra você
-Por que?
-Você é gentil demais para um rato...(risos)
-(risos) Eu só quero que você seja feliz, seja nesse laboratório ou seja lá fora no mundo real, mas pense e se você quiser eu estarei sempre aqui esperando por você passe o tempo que passar

O rato e a cientista conversaram por um longo tempo até que ela foi embora desejando um bom final de semana para o roedor e mostrando a ele um botão em sua jaula onde ele sempre poderia apertar para saber se ela estava bem.
Os dias que se passaram foram lentos e o rato apertava todos os dias o botão sendo sempre correspondido pela cientista, que o respondia logo depois, até que quando a semana voltou ao seu inicio ela não apareceu.
O rato enlouqueceu.
Apertava o botão freneticamente e ninguém o respondia... Saiu da sua Jaula e fez algo que nunca tinha feito em toda a sua vida: saiu do sótão. Destrancou a jaula, desceu as escadas e passou por baixo da porta trancada até chegar no meio da sala da cientista.
Procurou em cada cômodo, mas não a achou. Finalmente chegou ao quarto, que era o último que faltava, passou pela porta e não viu ninguém.
Sentiu o cheiro característico da cientista e resolveu subir na cama quando viu uma serie de fotos jogadas sobre o criado mudo. Eram as fotos do final de semana da cientista que a mostrava de mãos dadas e sorrindo ao lado do colega de trabalho...

No dia seguinte...

-Olá rato! Rato?
-Olá
-Esta triste...
-Vi suas fotos no criado mudo...
-Você não deveria ter ido lá...
-Desculpe
-Não se desculpe
-ok
-Sò quero que saiba que fiz minha decisão. Não me culpe por isso...
-Não estou. Vá e seja feliz... Só me deixe aqui com o maior número de remédios possíveis
-Se é isso que você quer...
-No momento é a única coisa que posso querer, não tenho quem mais amo por que ela ama outro alguém e o pior é que posso aceitar isso, mas vendo você não sei se conseguirei, pois chegará um dia em que não vou aguentar e não poderei me responsabilizar por qualquer besteira que eu fizer. O fato é que queria que a sua escolha tivesse sido outra.
-Não sei o que dizer...
-Não diga só seja muito feliz, deixe os remédios e apague a luz por favor.

Zander



www.zanderblues.com

Contradições

Na rua...

-Não sei como você, um jornalista, consegue ver Big Brother
-Eu gosto
-Tudo ali é mentira, lixo, coisa de gente que não tem o que fazer
-Você nunca parou pra ver então
-Claro. Aquilo é uma descarga mental, só tem ator e atriz
-Sei... Ator e atriz...
-Ah por falar nisso você viu como a novela das oito esta boa?
- ¬¬

Incondicional

Raoni deitado na cama lembrava da euforia que o atingia antes ao vê-la... Ainda hoje é assim, mas não é a mesma coisa.
Hoje ele não é mais o mesmo, pois conhecê-la mudou a sua vida... Se sente idiota pelo que se propõe a fazer para ficar uns minutos a mais ao seu lado ou ouvindo a sua voz. Relembra cada palavra depois de encontrá-la pensando em frases bonitas, que expressariam melhor o seu afeto, mas depois percebe que talvez tenha sido melhor elas não serem ditas.
Palavras sinceras não podem ser ditas sem propósito e é isso que as suas não tem a destreza de fazer... São jogadas, tolas e inconseqüentes pela falta de objetivo em acreditar numa reciprocidade que palavras não podem trazer.
Sua flor favorita não traria...
De repente Raoni deveria ser como ela que tem em sua cor vivida e forte as razões que atraem a atenção, mas que é sincera o suficiente pra saber quando o seu giro não é mais interessante e começa a murchar e sumir com o tempo. Claro que as cores não são tão belas para ele, mas Raoni tem anos o suficiente pra saber que o pensamento iluminista não é o seu forte. Se agisse com a razão sua história nem estaria sendo contada aqui.
A antítese de quanto menos tenta vê-la mais quer ter sua presença é tão contraditória quanto os anos que estariam por vir e seriam melhores se talvez fossem passados distantes. Nunca a relação de perto e distante e distante perto foi tão relativa.
Os pensamentos dele parecem clichê?
Provavelmente...
Ninguém quer saber, no final das contas, se Raoni ama alguém e ele nem deveria dizer isso... Eu te amo é uma frase feia no contexto da situação em que ele se encontra.
É como já lhe disseram: “entre bilhões de pessoas nesse mundo não é possível que não exista mais ninguém!”.
É nisso em que ele se apóia.
Talvez seja o único pensamento que o mantenha de pé: O mundo.
Nesse planeta tomado pelo capitalismo e em que os lideres mundiais disseram, na conferencia de Copenhage, que a economia é mais importante que o futuro da terra, ainda existe algo que nada pode comprar.
É como diz na letra da última musica postada nesse blog, que tem frases auto-explicativas: “...eu serei a improbabilidade dos fatos,
o quase zero de possibilidade...”
“...eu serei o mesmo erro que se comete pela centésima vez,
eu serei o sentimento de impotência diante do espelho...”
Raoni acha que talvez o mundo gire como a flor favorita dela e traga novas possibilidades ou até impossibilidades, mas que sejam presentes para um dia dizer verdadeiramente para ele mesmo: Você era pra mim algo insubstituível.
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