Pela colina

Estão vindo pela colina.
De trás das grades podemos vê-los com sua postura desajeitada e seus passos largos caminhando até nosso cativeiro.
Temíamos, tremíamos e queríamos acima de tudo que dessem meia volta, porém sabíamos que não ia acontecer.
Era fato consumado que ao andarem pela colina, sem sacos nas mãos, significava um de nós a menos no cativeiro.
Os mais desesperados se exaltavam, pulavam e faziam loucuras com a proximidade dos que só vinham para destruir. Eu preferia a inércia absoluta bem perto da grade para encarar nossos algozes.
Certa vez ouvi falar que um dos nossos apelidado de D’angola conseguiu fugir devido a uma habilidade especial que tinha... O resto é perdido e se confunde conforme o companheiro de cela que conta a história.
Tudo é meio disforme e os dias passam tão lentamente que uma noite poderia ser confundida com um mês fácilmente aqui.
O caminhar dos que vinham pela colina parecia levar horas...
O facão na mão de um deles brilhava enquanto o sol que batia em sua lâmina produzia uma luz meio tênue que era refletida diretamente em nós.
Os outros pareciam menos decididos. Os olhares eram perdidos, quase lânguidos, de certa forma isso transmitia mais desespero ainda.
Sabíamos o que esperar do portador do facão mais não de seus companheiros indecifráveis...
Era mais um final de tarde que nunca significaria nada para qualquer pessoa em todo mundo, mas naquele galinheiro...



City and Colour - Grand Optimist
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