Desenhei

Desenhei um girassol numa folha de papel
Um disforme sem muita pretensão
Talvez pudesse fazer parte de um jardim só meu
Isso se eu pretendesse um dia ter um
Pensando cá com os meus botões:
Se eles realmente girarem eu poderia fazer uma grande foto
Com um tempo de exposição bem alto
Os girassóis deveriam sair borrados
Um borrado bem bonito como não acontece na vida real
Onde as distorções se resumem às lamúrias
Da minha vida cotidiana...
Que eu insisto em colocar aqui
Dividindo assim com todo mundo
Fato que não se repete na verdade
Por que talvez a nossa verdade seja privada
Privada como a propriedade do capitalismo
Que não é compartilhada e é ainda protegida
Por cercas elétricas, câmeras de monitoramento e seguranças
É melhor se esconder mesmo
Ninguém quer ver o que você quer
Não é algo compreensível
Não é aceitável
Não é permitido
Não é recíproco
Não é seu
Não é meu
Não é do Zé, do João...
Do ninguém e nem o do pé de feijão...

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