Desanimado










Jorge nunca tinha se sentido tão desanimado na vida.
A pior parte se encontrava na impotência em ter de existir com tudo o que, com certeza, ainda teria pela frente. Era um homem que sempre criticou os grunges loucos, dos anos noventa, que faziam musica, ganhavam rios de dinheiro, tinham várias mulheres e mesmo assim sentiam falta de algo na vida.

Por que será que isso incomoda tanto...

Conheceu algumas pessoas interessantes.
Alguns necessitavam de muito, num espaço curto ou grande de tempo, outros se resignavam ao menor índice de satisfação adquirido, pois sempre lhes foi imposta a menor porção, e uma minoria simplesmente não tinha motivo algum.
Jorge fazia parte do terceiro grupo. Não tinha motivo para amar e passou a escrever para não bitolar totalmente. Escrevia com tal voluptuosidade que acabou ganhando alguma destreza com as palavras que lhe eram tão importantes.
Sentia-se preparado até mesmo para dizer que não sabia sobre determinado assunto quando encarou a questão mais complicada da sua vida. Jorge foi questionado, pela única pessoa que o atordoava completamente sobre querer ou não o primeiro-último beijo.

Não conseguiu pensar em outra resposta a não ser um ridículo: “Eu não sei”

Ele poderia ter dito qualquer coisa, poderia ter citado um poema, poderia ter dado uma daquelas suas cantadas prontas, que sempre funcionavam, por favor(!!), ele poderia simplesmente ter partido para o ataque, mas ficou estático enquanto a tola frase era proferida pela tremula boca: “Eu não sei”.
Ficar nervoso na vida é normal, mas se você pratica o ato há algum tempo, com outras pessoas em outras situações, acredito que ele comumente se torne usual, porém não era o que estava acontecendo.
As palavras que lhe eram tão amigas se rebelaram e o deixaram no momento mais precioso.

O problema não era a palavra e sim para quem ela estava sendo dirigida


Tentou mais uma vez puxar o ar para dizer algo novo, mas tudo o que saiu foi mais um “Eu não sei”.

...

Apesar dos minutos seguintes terem sido os melhores da sua vida em algo Jorge tinha completa razão: ele definitivamente não sabia. Não sabia como proceder, agir e se portar para com ele mesmo, ele estava... Ele queria... Ele não soube mais o que dizer, ele nunca mais saberia o que dizer.
Jorge nunca tinha se sentido tão “down” na vida. Nunca tão desanimado com tudo.

1 comentários:

Camilla Azuos | 26 de agosto de 2009 às 22:06

Cara... tô igual ao Jorge..
Mas ...
sem motivos !
Preciso de um up....
Quems e habilita?!

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