Luau





Jordan gostou de muitas poucas coisas durante a sua intensa vida.
Aos dois anos ficou órfão, aos cinco foi para um orfanato, aos dez conheceu um garoto, com quem começou a dividir um beliche, que lhe ensinou a surfar e aos dezoito ganhou um campeonato na praia de Copacabana, que lhe deu notoriedade no surf, quando estava prestes a perder a sua moradia por chegar à maioridade.
Começou a ser patrocinado e a ganhar alguns pequenos campeonatos até reunir dinheiro suficiente para fazer uma viagem pelo mundo, atrás das suas tão sonhadas ondas perfeitas.
Tudo aconteceu inesperadamente na sua juventude e ele não escondia as marcas psicológicas que tais fatos haviam deixado em sua personalidade.
Confiava em pouquíssimas pessoas. Um grupo seletíssimo do qual o seu parceiro Léo, o garoto que lhe ensinou a surfar no orfanato, fazia parte.
Léo dirigia o Jet-Ski que puxava Jordan pelo mar, até atingir velocidade suficiente, para alcançar as ondas, de vinte metros ou mais, pelos quatro cantos do mundo.
Austrália, Hawai, África do Sul e Tahiti eram países por onde os dois garotos haviam passado recentemente e ganhado torneios de ondas gigantes.

-Hoje foi um bom dia ein Jordan.
-Foi sim. As ondas estavam ótimas.
-Amanhã voltamos para descansar um pouco e depois continuar as viagens.
-Voltamos pra onde?
-Pro Brasil oras.
-Temos mesmo?
-Sim. E não vamos discutir isso de novo.

No dia seguinte os dois pegaram o avião e depois de uma viagem de sete horas chegaram ao Aeroporto Internacional do Galeão no Rio de Janeiro.
Léo desceu do avião junto com Jordan.
Ambos estavam esperando, além de uma calorosa recepção da imprensa brasileira, um encontro com os amigos que não viam há mais de um ano.
Repórteres cercaram Jordan logo na saída, mas Léo não deixou fazerem muitas perguntas com o argumento de que o surfista estaria cansado e daria uma coletiva no dia seguinte.
A dupla foi direto para o hotel se arrumar para o luau de boas vindas à noite organizado pelos amigos...

No luau...


Os campeões são recebidos calorosamente pelos que já estavam na festa e se sentam numa mesa perto da fogueira e da banda que já tocava.
Léo pega uma cerveja e começa a conversar com velhos amigos que estavam por lá.
Jordan olha para a areia onde muitos estavam dançando e passa para a escada de madeira do quiosque quando de repente seu olhar e corpo ficam imóveis.
Ela era a garota mais linda que ele já havia visto na vida.
Segurava uma cuba libre e posicionava-se com os cotovelos apoiados no degrau mais alto jogando a sua cabeça para trás. Os cachos do cabelo cheio se rendiam a gravidade enquanto alguns ainda ficavam presos ao seu rosto... Pensativo... A olhar o céu.
Jordan pensou em ir lá e falar com ela, mas não atrapalharia tal momento. Ela parecia estar tão compenetrada no que estava pensando que provavelmente ia achar uma solução para o que a afligia.
O mesmo Jah que havia lhe dado tantas ondas perfeitas durante o seu último ano não ia deixa-lá na mão, não ela... Não a garota mais bonita que já segurou uma cuba libre.

Oren Lavie - Her morning elegance (Tradução)

"... Logo desce as escadas
Sua elegância matutina. Ela usa
O som da água faz seu sonho
Despertado por uma nuvem de vapor
Ela derrama um sonho em um copo
Uma colher de açúcar adoça-o ..."

1 comentários:

angie gallagher | 22 de julho de 2009 às 09:20

"her morning elegance"... ainda não ouvi essa música, apesar de todo mundo estar falando dela... :s

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