Como o tempo...




Esperar que a vida lhe trate bem porque você é uma boa pessoa é como esperar que um touro não te ataque porque é vegetariano. (Dennis Wholey)








Acordei e levantei bem devagar.
Sentei-me na cama e olhei fixamente para a quase estranha deitada ao meu lado. Se ela acordasse e começasse a falar provavelmente eu não entenderia uma palavra e teria que lembrá-la de traduzir para uma terceira língua que não era a mãe de nenhum de nós.
Ali adormecida ela parecia ser muito mais bonita do que realmente era.
Como num daqueles filmes italianos desconhecidos em que a mulher dorme com um homem qualquer e depois pega um cigarro para fumar na janela enquanto conversam.
Era uma mulher diferente e que aparentemente gostava de correr riscos, coisa que não era do meu feitio e começava a se tornar rotina.

Será que mudar tão bruscamente um estilo de vida é bom para qualquer ser humano?

O certo é que comecei a fazer coisas que nunca me imaginei fazendo há três meses atrás. Uma delas pode ser vista nesse texto, pois estou escrevendo um bom número de vezes a palavra “coisa” que sempre procurei evitar, por achar não ter um sentido claro, e as outras não devem ser ditas aqui.

Dou como certa a morte de minha inspiração nos textos...

Assim como em alguns aspectos da minha vida deixei de me dedicar e glamourizar esse blog. Minha inspiração se foi como o vento, o amor e a certeza de que a bondade, a gentileza e ser uma pessoa que vê a vida de uma “forma romântica” trás muito mais felicidades que tristezas.
Fazer parte de uma minoria absoluta quer dizer que há algo errado com você e não com a maioria.
Não gosto de muitos dos lugares onde estou indo, mas tenho certeza de que freqüentar esses ambientes estão me trazendo uma felicidade que disfarça durante um bom tempo a minha decepção e as lembranças que me dilaceram por dentro.

Esquecer o que ficou pra trás, pois não é o que vai fazer você feliz agora...

Lembro que há um dia atrás quando conheci a garota que esta enrolada num lençol ao meu lado nós conversávamos sobre isso:

-Então você não acha?
-Pelas nossas últimas e poucas conversas não
-Sempre me disseram o contrário
-Serio?
-Sim. Eu sempre fui um cara bom. Um cara que...
-Posso te dizer uma coisa?
-Sim
-Não fique chateado, mas ser bonzinho não molha a calcinha de ninguém...

(Risos)

-É... Eu já percebi isso...
-Parece que uma garota tem algo a ver com isso né?
-É...

Lembro que no meio de madrugada escondi a minha carteira no banheiro com medo de dormir e ser roubado, mas se alguém tinha que estar preocupada ali era ela. Pelo menos eu estava no meu país.
Comecei a me arrumar, depois de deixar o quarto pago, e já ia saindo quando ela acordou.

-Ei, onde você vai?
-Vou embora. Deixei uns endereços da Internet pra gente se falar...
- (Risos) Posso pedir uma coisa?
-Sim. Desde que não seja mais bebida... (Risos)
-Xinga a sua garota
-O que?
-Xinga ela agora pra eu ouvir...
-Que psicologia barata...

Odeio psicólogos!!!

-É só dizer fulana vai t...!
-Não!

Bati a porta e sai enquanto ela gritava do quarto e ria alto ainda em inglês: “Eu sabia. Você não pode enganar a si mesmo. Ótimo brasileiro!”
Depois de entrar no ônibus encostei a cabeça na janela e olhei o monumento que sempre me lembrou, antes de dizer e depois de tê-lo dito, por sempre me parecer tão distante, imponente, ao mesmo tempo em que frágil, e por saber que sempre teria tanto poder sobre o resto da minha vida. Como o tempo...

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