Prestar/dever

-Bom dia amor
-Bom dia querido
-O noticiário disse que tudo estará alagado dentro de instantes...
-Que droga

Estava sendo decretado estado de calamidade.
O prefeito da cidade foi a público e pediu para que ninguém saísse de casa, pois havia o perigo iminente de acidentes, engarrafamentos monstruosos e todo o tipo de consequências que só uma tempestade poderia trazer.

-Também acho
-Mas como eles sabem disso?
-Não sei. Acho que eles não sabem...
-Então eu vou trabalhar
-Não entendo

Que parte de o prefeito pediu para não sair de casa ela não havia entendido?
Como alguém pode gostar tanto do seu trabalho a ponto de não querer ficar com o próprio marido. Pode-se dizer que hoje é feriado e o prestar/dever dela deveria ser só a mim. Só a mim!

-Não entende o que?
-Por que você ira sair
-Por que tenho que trabalhar

Nada contra o trabalho. Até acredito na máxima de que ele dignifica o homem, mas que nós poderíamos gostar mais um pouco do outro. Quer dizer ela poderia...
No final das contas tudo sempre se resumiu ao que eu quis... Ao que eu gostava e me interessava...

-Ta bom, então vai...
-Tchau até mais...

Eu deveria levar um guarda-chuva maior para ela... Talvez acompanhá-la até o ponto... Talvez chamar um táxi... Talvez comprar um bote...

O telefone toca...

-Alô
-Alô
-É o marido?
-Sim
-Por favor, avise a sua esposa que hoje não haverá expediente devido as fortes chuvas. Obrigado

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