Exame





A locomoção rápida e prática é hoje essencial para qualquer pessoa que pretende se manter sã no meio de tantos percalços diários inevitáveis como o trânsito caótico, os ônibus lotados e as pessoas mal humoradas.
Foi por isso que, a mais ou menos um mês, resolvi tirar a minha carteira de motorista.
Pois bem, procurei saber quais eram as medidas necessárias a ser tomadas para oficializar o meu desejo perante a lei e fui surpreendido pelo custo total. Entre aulas, DUDA e clínica gastei praticamente toda a economia que vinha fazendo há quatro meses para dar entrada numa moto, já que paguei tudo à vista.
Depois de tudo certo iniciei a minha peregrinação. Primeiro na auto-escola, onde uma mulher muito enrolada me atendeu, e depois no DETRAN para fazer uma espécie de cadastro que levou mais de três horas para ser completado devido à fila imensa e a queda do sistema do próprio DETRAN. Nesse dia cheguei ao trabalho quase na hora do almoço.
Marquei ainda para a próxima semana dois exames que me credenciariam finalmente para o inicio das aulas teóricas: o psicotécnico e o oftalmológico.
O primeiro foi bem tranqüilo para mim. E alguns fatos me chamaram a atenção como as perguntas da psicóloga.
Eu estava numa sala com mais umas oito pessoas e ela perguntava para cada um coisas bizarras como se você bebia, fumava ou tinha algum problema psicológico de ordem mental. Será mesmo que ela achava que alguém fosse responder positivamente a alguma daquelas indagações?
Então chega a hora do exame oftalmológico, a única barreira que faltava transpor para enfim começar as minhas aulas.
Ao entrar na segunda sala me tranquilizei pelo fato da oftalmologista ser uma mulher. Elas são sempre mais compreensivas... Pelo menos se não estiverem de TPM...
A Dra. Elisa começou o exame mostrando aquelas letrinhas clássicas de qualquer exame oftalmológico numa espécie de microscópio onde eu tinha que colocar o olho. As letras estavam primeiro bem perto, depois a média distancia, longa e beeeeem longa.
Falei as letras sem exitar e passei com louvor, porém eis que veio a derradeira pergunta que eu tanto temia ouvir sair da boca da Dra. Elisa:

-Bem, agora vamos às cores?

Eu pensei. Juro que pensei em dizer: Dra. Elisa não vamos não, pois sou Daltônico e o meu problema me impede de enxergá-las com precisão.
Ao invés disso acalmei-me pensando: que isso cara, ela vai colocar um semáforo na sua frente e você só precisará dizer a ordem de cima pra baixo: vermelho, amarelo e verde. Moleza!
Tolo!
Quando eu aproximei o olho do “microscópio” descobri o que mais temia: ela colocaria as cores de forma aleatória.

-Que cor é essa?
-Verde
-Não é amarelo... E agora que cor é essa?
-v-ver-vermelho...
-Não, esta errado...

Dez segundos intermináveis se passaram até que a doutora quebrou o silêncio

-Você esta com o olho muito próximo das lentes. Afaste um pouco e ficara melhor.

Afasto os olhos e os esfrego

-É, deve ser isso doutora.

Aproximo de novo os olhos e começo a rezar, lá vai um chute daqueles. Minha vida a lá Born to be wild esta correndo sérios riscos...

-Agora, que cor é essa?
-Verde...
-Certo

Não acredito

-E essa?
-Amarelo...
-Exato

Sou o cara, a ultima é óbvia

-E essa?
-vermelho.
-Isso. Viu? Você só estava pressionando muito os olhos contra a lente.
-É deve ter sido isso mesmo doutora.

Que cara de pau!

Ela aperta um carimbo de aprovado contra o meu teste e me manda de volta para a auto-escola onde daqui a alguns minutos eu já estaria marcando as minhas primeiras aulas.

2 comentários:

Riot | 9 de fevereiro de 2009 às 03:46

The Black Parade é um álbum muito bom e merece ser reconhecido mesmo, agora, em relação a ser um "Album branco emo", não sei se os integrantes da banda irão gostar, já que eles rejeitam a idéia de serem emos.


obs. Comentário rápido [depois volto para ler o seu post.

abç

Felipe Attie | 12 de fevereiro de 2009 às 03:50

Cara, carteira de motorista hoje em dia é algo muito barato. Se tivesse falado comigo, te apresentaria para um cara que vende por uma merreca.

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